Agência France-Presse
postado em 27/01/2015 12:32
Nove pessoas, incluindo cinco estrangeiros, foram mortos nesta terça-feira em um ataque de várias horas lançado contra um hotel da capital líbia Trípoli por homens armados, que por fim detonaram seus explosivos dentro do estabelecimento.Além dos cinco estrangeiros, uma pessoa feita refém pelos terroristas e cuja nacionalidade não é conhecida morreu quando os homens armados acionaram seus explosivos, informou uma porta-voz dos serviços de segurança.
Três membros da segurança também morreram no ataque."Perseguidos e cercados pelas forças de segurança no 21; andas do hotel, terroristas acionaram o cinto de explosivos que carregavam", declarou Issm al Nas.
Outra fonte de segurança confirmou localmente esta informação. As forças de ordem líbias cercavam há várias horas o hotel Corinthia, muito frequentado por estrangeiros, após vários homens armados explodirem um carro-bomba e matarem três guardas, antes de invadirem o estabelecimento.
Ainda não informações sobre a nacionalidade dos estrangeiros que foram mortos a tiros pelos terroristas, mas o porta-voz da segurança indicou que duas mulheres estão entre as vítimas.
Leia mais notícias em Mundo
Várias ambulâncias continuam estacionadas nas proximidades do hotel. Ainda não se sabe quantos hóspedes estavam no hotel, frequentado por diplomatas e membros do governo.
Em um breve comunicado no Twitter, o ramo do Estado Islâmico em Trípoli reivindicou o ataque ao hotel, segundo o SITE Intelligence, a agência americana que monitora sites jihadistas.
A capital líbia é controlada pela Fajr Libya, uma poderosa coalizão de milícias principalmente islâmicas, que instalaram um governo paralelo em Trípoli após expulsar o governo reconhecido pela comunidade internacional.
"Trata-se de uma situação que segue em andamento, o que sabemos por enquanto é o que está sendo veiculado pela imprensa", assegurou por telefone à AFP Matthew Dixon, porta-voz da rede hoteleira com sede em Malta.
"Nossos pensamentos estão com os funcionários e hóspedes", acrescentou, sem dar outras informações.
O chefe do governo autoproclamado, Omar al-Hassi, estava no interior do hotel no momento do ataques, mas conseguiu sair sem ferimentos, segundo Naass.
Os jornalistas foram proibidos de entrar no hotel após o ataques, enquanto especialistas foram enviados para verificar a existência de possíveis explosivos.
;Ato de terrorismo;
O ramo líbio do grupo EI, ativo principalmente no Iraque e na Síria, já reivindicou uma série de ataques na Líbia. A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, manifestou preocupação com o ataque, condenando e expressando solidariedade às vítimas e suas famílias".
"Não podemos permitir que estes ataques prejudiquem o processo político", declarou em um comunicado, referindo-se ao novo ciclo de negociações mediadas pela ONU entre facções rivais da Líbia que iniciou-se na segunda-feira com vista à implementação de um roteiro para criar uma governo de unidade.
O luxuoso hotel Corinthia, centro de reunião de funcionários do governo, diplomatas e empresários estrangeiros, era considerado um lugar seguro e um oásis em meio ao caos estabelecido na cidade desde a queda do coronel Muammar Khaddafi.
Neste local, reuniram-se o primeiro-ministro britânico David Cameron e, mais tarde, o então presidente francês, Nicolas Sarkozy, com autoridades locais após a mudança de regime.
Mas a segurança diminuiu desde outubro de 2013, quando o primeiro-ministro Ali Zeida foi sequestrado por homens armados, que o libertaram horas depois.
As milícias que derrubaram o ditador Khaddafi disputam atualmente o território e as riquezas petrolíferas da Líbia e controlam as duas maiores cidades, Trípoli e Benghazi (leste). A situação agravou-se nos últimos meses, com o aparecimento de dois governos e dois parlamentos paralelos.