Agência France-Presse
postado em 27/01/2015 16:41
Beirute, Líbano - O grupo Estado Islâmico (EI) lançou um novo ultimato exigindo a libertação em 24 horas de uma jihadista iraquiana presa e condenada à morte na Jordânia, sem o que ameaça executar um refém japonês e um piloto jordaniano.O Japão pediu imediatamente ajuda a Amã para salvar seu cidadão, após a execução de um primeiro refém japonês. O vídeo, postado em sites jihadistas, mostra uma foto do refém japonês Kenji Goto segurando a foto do piloto jordaniano capturado pelo EI, Maaz al-Kassasbeh, com a suposta voz de Goto formulando a ameaça.
O grupo extremista exige a libertação da iraquiana Sajida al-Rishawi, de 44 anos, que está detida em uma prisão jordaniana desde sua condenação à morte em setembro de 2006 por atos terroristas que datam de 9 de novembro de 2005. Naquele dia, três atentados suicidas, um deles cometido por seu marido, atingiram três hotéis em Amã, deixando 60 mortos.
Uma fonte militar jordaniana indicou que os "serviços jordanianos verificam a autenticidade do vídeo atribuído ao grupo" Estado Islâmico.
Kenji Goto, jornalista independente, foi, provavelmente, sequestrado na Síria no final de outubro. Já o piloto Maaz al-Kassasbeh teria sido capturado em 24 de dezembro após a queda de seu F-16 sobre a Síria, onde liderava ataques contra posições do EI, como parte das operações antijihadistas da coalizão internacional. O Japão pediu mais uma vez assistência à Amã.
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"Em uma situação extremamente difícil, pedimos à Jordânia sua assistência para salvar o quanto antes (Kenji) Goto (...), esta posição não mudou", declarou o porta-voz do governo japonês, Yoshihide Suga, durante uma rápida coletiva de imprensa na madrugada de quarta-feira.
;Não ceder;
Kenji Goto, nascido em 1967, é um jornalista freelance que produzia reportagens sobre o Oriente Médio para canais de TV japoneses e também era muito ativo no campo humanitário. Ele entrou na zona controlada pelo EI no final de outubro e não foi mais visto desde então.
Logo após a divulgação do vídeo, a mãe de Goto, Junko Ishido pediu ao governo para "fazer tudo o que puder" para salvá-lo.
"Kenji não tem qualquer animosidade contra o Estado Islâmico. Ele se aproximou do Estado Islâmico pela simples razão de que estava muito preocupado com o destino de Yukawa", o primeiro refém executado na semana passada.
Em um vídeo produzido em outubro passado, pouco antes de entrar na área controlada pelo EI, o jornalista japonês explicou que partiria em busca de Haruna Yukawa.
Em vídeo publicado em 20 de janeiro, o EI pediu ao governo japonês um resgate de US$ 200 milhões no prazo de 72 horas para liberar Goto e Yukawa. Sem ter sua reivindicação atendida, o grupo anunciou no sábado a execução de Yukawa e exigiu a libertação da prisioneira iraquiana.
Ao condicionar a vida de um segundo refém japonês à liberdade da iraquiana, o grupo Estado Islâmico colocou Amã no meio da negociação e a diplomacia japonesa em uma posição difícil, dizem especialistas.
"Um dos objetivos do Estado Islâmico é dividir as nações" que conspiraram contra ele, ressalta Shiro Kawamoto, especialista japonês em terrorismo no Conselho de Política Pública.
O governo japonês reafirmou repetidamente o seu compromisso de "não ceder ao terrorismo" e seu compromisso de lutar com outros países, mesmo que o Japão só possa agir por meios não militares. Washington provavelmente continuará a exercer pressão sobre Tóquio para que seu aliado não se entregue.
Questionado sobre os reféns, a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, disse que uma troca de prisioneiros era "o mesmo" que o pagamento de um resgate.