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Primeiras negociações sobre guerra na Síria começam em Moscou

Em Moscou, as expectativas são modestas diante da ausência da Coalizão Nacional, sediada em Istambul e considerada pela comunidade internacional como a principal força da oposição síria

Agência France-Presse
postado em 28/01/2015 14:35
Opositores sírios e emissários do presidente Bashar al-Assad iniciaram nesta quarta-feira em Moscou suas primeiras negociações em quase um ano para colocar fim à guerra, com perspectivas modestas, num momento em que os curdos libertaram Kobane, que ficou totalmente destruída.

Os 32 membros dos diferentes grupos da oposição tolerada por Damasco e seis integrantes da delegação oficial liderada pelo embaixador da Síria na ONU iniciaram uma reunião em uma residência da diplomacia russa, indicou um dos participantes opositores à AFP.

Estas são as primeiras negociações entre membros da oposição - sobretudo representantes do Comitê de Coordenação Nacional para as Forças da Mudança Democrática (CCND) e dos curdos - e autoridades do regime desde o fracasso das negociações de Genebra, em fevereiro de 2014. A guerra na Síria deixou 200.000 mortos desde seu início, há quase quatro anos.

Nesta semana, as forças curdas conseguiram libertar a cidade curdo-síria de Kobane, após quatro meses de luta, que converteram a localidade em um símbolo da luta contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI). A cidade ficou em um estado de semidestruição, com edifícios em ruínas e ruas quase desertas.

As negociações ocorrem num momento em que o avanço do grupo Estado Islâmico na Síria obrigou a reorientar a estratégia dos ocidentais, que agora exigem apenas a saída de Assad e se concentram em bombardear pelo ar as posições do grupo jihadista.

Em Moscou, as expectativas são modestas diante da ausência da Coalizão Nacional, sediada em Istambul e considerada pela comunidade internacional como a principal força da oposição síria.

A Coalizão excluiu sua participação, ao julgar que as negociações deveriam ocorrer sob a égide da ONU em um país neutro, e não na Rússia, um firme apoio ao regime de Damasco.

Entre as prioridades da oposição presente em Moscou está o fim dos bombardeios, a libertação de prisioneiros políticos, "prioritariamente de mulheres e crianças", ou a aplicação de "mecanismos para fazer a ajuda humanitária chegar".

Para evitar cair no mesmo erro que em Genebra, "não abordaremos de início a questão de um governo de transição", afirmou sob o anonimato o participante da oposição, cujos representantes se reuniram na segunda e terça-feira em Moscou para preparar o encontro.

Quem representam

O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, se reunirá nesta quarta-feira com os participantes, que voltarão a se encontrar na quinta-feira.

Para Lavrov, não são negociações, mas "conversas antes de negociações".

Em uma entrevista publicada na segunda-feira na revista Foreign Affairs, Assad mostrou seu apoio às negociações, mas também preveniu que não "são uma negociação para uma solução (do conflito). São apenas preparativos para uma conferência".

"Vamos falar com todos. Mas é preciso perguntar a cada um (dos opositores): Quem vocês representam?", acrescentou, criticando "os fantoches de Catar, Arábia Saudita ou de qualquer país ocidental".



Já Washington declarou recentemente apoiar todo o esforço que possa levar a "obter uma solução duradoura ao conflito".

Para os analistas, ao acolher emissários do regime e opositores, Moscou persegue um duplo objetivo: se apresentar como um mediador confiável e, sobretudo, legitimar Assad.

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