Agência France-Presse
postado em 28/01/2015 18:56
O promotor argentino Alberto Nisman não confiava mais nem no próprio segurança antes de morrer, afirmou nesta quarta-feira o colaborador Diego Lagomarsino, o único acusado no caso por ter lhe emprestado a arma calibre 22 que o matou."Não estou bem", disse Lagomarsino ao inciar sua primeira coletiva em Buenos Aires, acompanhado de seu advogado, para detalhar seus últimos contatos com o promotor, no sábado, antes do domingo, 18 de janeiro, que apareceu morto.
Ao contar como Nisman lhe pediu a arma, o técnico em informática disse que Nisman lhe disse: "não confio mais nem mesmo no segurança".
Nisman, promotor especial desde 2004, encarregado do complexo caso do atentado contra a mutual judaica AMIA, de 1994, dispunha de dez policiais que se revezavam em sua segurança.
Segundo Lagormasino, o promotor temia pela segurança de suas filhas, de 7 e 15 anos, fruto do relacionamento com a ex-mulher, a juíza Sandra Arroyo Salgado, que estavam de férias na Espanha no momento de sua morte.
";Sabe o que é suas filhas não quererem estar com você porque têm medo?;, teria dito Nisman, segundo o relato de Lagomarsino.
"Eu respondi: olha, é uma arma velha, é uma 22", relatou o diálogo que teria mantido no sábado quando Nisman lhe pediu emprestada a arma.
Segundo sua versão, Nisman disse que queria uma arma para "levar no porta-luvas, caso aparecesse algum maluco" e me disse, "é o único favor que te peço e não vai fazer?;", lembrou.
Lagomarsino falou à imprensa ao lado do advogado, Maximiliano Rusconi, visivelmente tenso e em várias oportunidades sua voz ficou embargada.
Rusconi, que defende o ex-presidente Carlos Menem (1989-99) no caso de contrabando de armas para o Equador e a Croácia, disse que pedirão que a presidente Cristina Kirchner se apresente a declarar depois de ter divulgado informação pessoal de Lagomarsino em mensagem à nação, na segunda-feira passada.
Nisman foi encontrado morto no banho de seu departamento (estado) no exclusivo bairro de Puerto Madero, na capital, com um tiro na cabeça.
Em sua mesa de escritório havia documentação que seria usada horas depois em sua apresentação ao Congresso para explicar sua denúncia contra Kirchner e o chanceler Héctor Timerman por suposto acobertamento dos iranianos acusados no atentado de 1994 contra a AMIA, que deixou 85 mortos e 300 feridos.