Agência France-Presse
postado em 30/01/2015 18:41
Socorristas continuavam as buscas por sobreviventes na montanha de escombros que virou a maternidade do México destruída por uma explosão de gás, onde vizinhos conseguiram salvar sete bebês que estavam debaixo dos entulhos."Os bebês foram valentes, sinto que não era a vez deles", disse Rene Soto, de 32 anos, um vizinho que acordou na manhã de quinta-feira com a estrondosa explosão que abalou sua casa. Junto com familiares, Soto removeu restos de cimento e cinzas para encontrar os bebês, alguns com algumas horas de vida.
Uma enfermeira, que conseguiu sair dos escombros, pediu ajuda de dentro do berçário. "Estava tudo destruído, o teto veio abaixo sobre as crianças, que caíram no chão, uns estavam ali jogadas sem roupa, ainda com o cordão umbilical, outros em incubadoras, os tiramos como podíamos", relembra Soto, ainda emocionado.
Um vazamento de gás da mangueira de um caminhão-tanque que descarregava muito cedo no Hospital Público Materno Infantil de Cuajimalpa (oeste da capital) provocou uma terrível explosão. Cerca de 80% do prédio desabou, matando pelo menos dois bebês e uma enfermeira, além de deixar 73 feridos.
Cerca de 60 socorrista do grupo Topos, criado quando um terremoto de grande magnitude sacudiu a Cidade do México em 1985, tiravam cuidadosamente, pedra por pedra, toneladas de escombros, enquanto buscavam com lâmpadas de mineração em todos os buracos tentando localizar feridos.
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"Não encontramos nenhuma pessoa, mas não se pode descartar que haja alguém entre os escombro porque ainda há áreas que ainda não conseguimos chegar", disse Luis Álvarez, um socorrista que levava consigo um grande alicate para cortar pedaços de metal retorcidos.
"Pensei que fosse um terremoto"
Centenas de policiais da gendarmaria nacional e trabalhadores da cidade retiravam pedaços de portas, partes de muros, tetos e escadas queimadas que voaram e ficaram afastados do prédio em que estava o hospital, localizado em uma área residencial de classe média.
Em meio a uma nuvem de poeira, algumas retroescavadoras tiravam escombros entre os quais havia equipes médicas, camas e outras mobílias destroçadas. Os trabalhadores retiravam grandes sacos de medicamentos, material cirúrgico e jalecos brancos e azuis que os pacientes usavam.
Perto da maternidade, com 110 pessoas no momento da explosão, havia uma escola primária e uma secundária que suspenderam as aulas por conta da tragédia.
À noite, pouco a pouco, os vizinhos saíam do choque que ficaram pela explosão que deixou janelas quebradas e danos na maioria das casas próximas ao hospital.
"Pensei que fosse um terremoto, a casa balançou, começaram a cair coisas e uma cúpula de vidro que faz parte do teto ficou destruída", lembrou Araceli León, uma mulher de 51 anos que se preparava para ir trabalhar quando aconteceu o acidente.
As autoridades disseram que entre os feridos estão 9 bebês e 7 adultos em estado grave. Várias crianças com suas mães também estavam nesta hora em consulta externa.
Testemunhas disseram que muitas pessoas conseguiram correr antes da explosão. Algumas mulheres que acabavam de dar a luz e não puderam sair protegeram com o corpo seus bebês para salvá-los. Tiveram que sair com suas próprias pernas, feridas, com seus filhos nos braços em meio ao desastre e ao caos.
A explosão da maternidade lembrou muitos mexicanos da tragédia da Creche ABC, em Hermosillo (noroeste), onde 49 bebês e crianças morreram em 2009 por conta de um incêndio em um armazém próximo à escola.