Agência France-Presse
postado em 03/02/2015 14:01
Roma, Itália - Sergio Mattarella assumiu nesta terça-feira (3/2) suas funções de novo presidente da Itália em uma cerimônia solene e prometeu ser um árbitro imparcial para dar credibilidade a um país afetado pela crise econômica e pelo aumento da desigualdade.Em seu discurso de posse, interrompido 42 vezes pelos aplausos, o novo chefe de Estado prometeu que trabalhará pela unidade dos italianos e contra as desigualdades sociais e econômicas. "A crise aumentou as injustiças", reconheceu Mattarella, que deseja um país "mais livre e solidário".
Em sua primeira mensagem à nação, de trinta minutos, Mattarella saudou os estrangeiros que vivem na Itália, reconheceu que é necessário aprovar com urgência várias reformas, como a eleitoral, e garantiu que agirá como um árbitro imparcial. "Mas os jogadores devem me ajudar sendo corretos", disse.
Mattarella, de 73 anos, eleito presidente no sábado passado pelo Parlamento, prestou homenagem ao seu antecessor Giorgio Napolitano, de 89 anos, que renunciou no dia 14 de janeiro após nove anos no cargo. O discurso do novo presidente, docente universitário e juiz do Tribunal Constitucional que iniciou sua vida política há 30 anos nas fileiras da outrora poderosa Democracia Cristã, foi bem recebido pelos parlamentares de direita e em alguns momentos pelo movimento antissistema Cinco Estrelas. "Devemos evitar o risco de que a crise econômica afete os valores nos quais se baseia o pacto social da Constituição", afirmou.
O presidente é eleito para um período de sete anos e é a única pessoa com direito de dissolver o Parlamento e convocar eleições legislativas antecipadas.
Presidente antimáfia
O décimo-segundo presidente da República lembrou os juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, assassinados em 1992 pela máfia, e um bebê de dois anos que morreu em um atentado contra a sinagoga de Roma na década de 1980. A máfia é "um câncer penetrante que destrói as esperanças (...) e pisoteia os direitos", afirmou ao convocar as instituições a lutar contra todas as formas de máfia, velhas e novas, assim como contra a corrupção.
Mattarella, o primeiro siciliano que chega à presidência da Itália, que viveu pessoalmente os horrores da máfia após o assassinato de seu irmão em um atentado, também defendeu o direito ao trabalho e apostou pelo saneamento da economia para que a Europa cresça. Diante de "um Parlamento de jovens, que comunicam novas esperanças", o presidente defendeu a Constituição que garante "o direito ao estudo" e pediu "uma escola moderna e segura", gerando aplausos.
Também lembrou os valores da resistência, daqueles que combateram o fascismo e agradeceu ao papa Francisco por seus "severos sermões contra a corrupção". Interpretado como um gesto de aproximação, o presidente convidou o magnata e ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, junto a todos os líderes políticos do país, à cerimônia oficial no Palácio do Quirineu, sede da presidência.
O ex-chefe de governo e líder de uma direita em declínio pôde participar da cerimônia, embora tenha sido expulso do Senado por seus problemas judiciais.