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Uma nova biografia do príncipe Charles da Inglaterra reacendeu o debate sobre se ele está capacitado para ocupar o trono, sendo tão pouco propenso à neutralidade sacrossanta que contribuiu para o sucesso do reinado de sua mãe, Elizabeth II.
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"Tensão no palácio, Charles nega-se a ser um rei mudo", declarou o semanário Sunday Times. Para o jornal The Times, "a rainha teme que o país não esteja preparado para aceitar Charles e seu ativismo".
As manchetes destes dois jornais do magnata americano Rupert Murdoch se baseiam nas revelações de uma nova biografia polêmica, das quais foram divulgados trechos antes de sua chegada às livrarias, na quinta-feira (05/02).
A autora de "Charles: Heart of a King", Catherine Mayer, que dirigiu o escritório da revista americana Time em Londres, é reincidente. Em um artigo que provocou sensação em 2014, já havia questionado a vontade do futuro Charles III de ocupar o "alto cargo".
Seu livro confirma que se prepara sem entusiasmo para a substituição, por medo de ter que abandonar seus interesses, e esboça um retrato "moderadamente lisonjeiro" do futuro rei, afirma a BBC. Segundo a publicação, o príncipe, que sofre de uma "falta de confiança congênita", tem muita gente disposta a agradá-lo em seu séquito.
Seu palácio Clarence House "se parece com ;a corte do lobo;", o apelido que a romancista Hilary Mantel usou para descrever a corte de Henry VIII no século XVI, dominada por intrigas e violência. No entanto, o príncipe, chamado por seus 161 empregados de "the boss" (o chefe), nega-se a renunciar as suas convicções em temas como o meio ambiente, os alimentos ecológicos ou a inserção dos jovens pobres.
Segundo Mayer, o príncipe disse a ela: "quero elevar as aspirações, voltar a criar esperança onde há desespero, e saúde onde há privações". A biografia não decepcionará seus opositores - liderados por seu pai, o duque de Edimburgo - que o criticam por colocar suas paixões cerebrais à frente de seus deveres reais.
Especulações
O palácio do príncipe, Clarence House, obviamente indignado, insiste que o livro é uma biografia não autorizada. "As especulações sobre qual seria o papel do atual príncipe de Gales quando se tornar rei estão no ar há décadas. Não fazemos comentários sobre o tema, e não vamos começar agora", disse categoricamente uma porta-voz.
A escritora e jornalista pôde realizar uma breve entrevista com Charles e teve acesso a muitos parentes, simpatizantes e opositores que pediram o anonimato, como é usual quando se fala dos membros da família de Windsor.
A biografia gerou uma série de declarações de fontes reais e do círculo íntimo de confiança do príncipe. Muitos dizem que a rainha, de 88 anos, tem total confiança em Charles, de 66, que a representa regularmente como parte de uma aprendizagem que realiza em uma idade na qual os britânicos aproveitam a aposentadoria.
Uma campanha de relações públicas vigorosa o ajudou a virar a página de sua impopularidade após a trágica morte de sua esposa Diana em 1997, da qual se divorciou, e depois de seu casamento com Camila, em 2005. Para o editor WH Allen, o livro revela um homem em toda sua complexidade, com opiniões apaixonadas que significam que nunca será nem remotamente tão imparcial quanto sua mãe.