Agência France-Presse
postado em 04/02/2015 15:40
Os jihadistas de Boko Haram mataram nesta quarta-feira (04/02) ao menos 76 civis e incendiaram a grande mesquita da cidade camaronesa de Fotokol, na fronteira com a Nigéria, antes de ser expulsos por tropas camaronesas e chadianas.O Boko Haram respondeu, assim, à ofensiva lançada na terça-feira pelo exército do Chade sobre Gamboru, um dos redutos islamitas na vizinha Nigéria. O exército chadiano saiu na terça-feira de Fotokol para atacar Gamboru, situada a poucos metros. "Quando os chadianos entraram (na terça-feira) em Gamboru, os Boko Haram que estavam na cidade e em alguns povoados dos arredores fizeram um desvio e chegaram nesta manhã a Fotokol", explicou uma fonte de segurança camaronesa.
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As tropas chadianas voltaram a cruzar a fronteira nesta quarta-feira e, junto a soldados camaroneses, conseguiram expulsar os combatentes do Boko Haram. Antes de abandonar a cidade, os islamitas queimaram, no entanto, casas e "mataram civis e inclusive militares", afirmou por telefone à AFP uma fonte vinculada às forças de segurança. Várias testemunhas indicaram, por sua vez, que os islamitas assassinaram dezenas de habitantes, degolando vários deles, e incendiaram a grande mesquita desta cidade.
Nordeste da Nigéria, em guerra a poucos dias das presidenciais
Tanto em Fotokol quanto em Gamboru, os soldados chadianos faziam buscas nesta quarta-feira à procura de islamitas. As duas cidades estão separadas por uma ponte de apenas 500 metros, e é simples entrar no Camarões a partir de várias localidades nigerianas, onde os islamitas estavam instalados há meses. Até agora os islamitas, que lançaram várias ofensivas contra Fotokol, não conseguiram tomar a cidade.
Na terça-feira, a aviação chadiana bombardeou as posições dos jihadistas em Gamboru. Islamitas e soldados chadianos se enfrentaram na zona, mas estes últimos se impuseram, conseguiram entrar na cidade e passaram sua primeira noite em território nigeriano. Estes confrontos deixaram nove mortos e 21 feridos no grupo chadiano e mais de 200 nas fileiras do Boko Haram, indicou o Estado Maior do país.
O exército nigeriano, que não consegue deter sozinho a expansão militar dos islamitas, declarou que a presença de tropas chadianas não coloca em xeque "a integridade territorial da Nigéria", a 10 dias das eleições presidenciais. O chefe de Estado, Goodluck Jonathan, quer conseguir um novo mandato em um país atingido pelos atentados e ataques do Boko Haram.
Os chadianos, que tentam paliar a ineficácia do exército nigeriano, também reuniram tropas na fronteira entre Níger e Nigéria, perto dos redutos dos islamitas. Por sua vez, "um contingente de cerca de 400 veículos e tanques se instalou entre Mamori e Bosso", dois povoados do leste do Níger separados da Nigéria pelo rio Komadugu Yobe, anunciou a rádio nigerina Anfani.
Yamena não confirmou oficialmente este movimento de tropas no Níger, mas, segundo vários habitantes, há 500 veículos na zona. O governo camaronês pode anunciar um ataque iminente sobre Malam Fatori, controlada pelo Boko Haram e situada do outro lado do rio Komadugu Yobe. Os combatentes islamitas se mobilizaram na margem nigeriana e dispõem de sistemas antiaéreos montados sobre caminhonetes, indicaram testemunhas.
Paris apoia a ofensiva chadiana contra o Boko Haram com missões de reconhecimento no Chade e no Camarões, indicaram na terça-feira fontes oficiais francesas