Agência France-Presse
postado em 05/02/2015 17:50
O ministro alemão da Economia, Wolfgang Sch;uble, deixou claro nesta quinta-feira (05/02) seu "desacordo" com seu colega grego Yanis Varoufakis, que encerrou sua visitas à Europa sem nenhum resultado que tire a Grécia da beira do precipício."Ainda não estamos realmente de acordo sobre o que temos que fazer agora", reconheceu Sch;uble ao fim de uma reunião com o ministro grego. "Concordamos que não concordamos", disse em inglês.
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Sch;uble acreditava ter pelo menos um ponto em comum com seu colega da Grécia, mas ele o corrigiu. "Na minha opinião, não concordamos nem sobre não estamos de acordo", afirmou Varoufakis.
"Concordamos em iniciar as deliberações, como parceiros", disse. Mas, com a situação financeira em que a Grécia se encontra após a decisão do BCE de pôr fim ao canal de financiamento que dava aos bancos gregos, a afirmação parece bastante vaga.
Sinal político
Com a decisão, o BCE envia um sinal político a Atenas e garante que nas próximas semanas o sistema continuará tendo fundos.
"O BCE não quer em absoluto assumir a responsabilidade de empurrar a Grécia para fora do euro, cortando-lhe todas as fontes de crédito", explicou à AFP Dario Perkins, economista da Lombard Street Research. Em Berlim, Varoufakis garantiu que seu governo "está fazendo o possível para evitar a moratória do país".
Em meio a todos esses sinais, a Bolsa de Atenas recuou 3,37%, a 819,50 pontos, após ter chegado a cair mais de 9%. Os bancos perderam mais de 10%, após as quedas de 20% durante a sessão, enquanto o rendimento da dívida superou os 10%. "A Grécia vai se aproximar do precipício antes que surja uma solução favorável", preveem os analistas da Aurel BGC.
Sem chantagens
Sch;uble, veterano político europeu e grande defensor da ortodoxia orçamentária, não escondeu seu "ceticismo" com as medidas anunciadas pelo novo governo grego de Alexis Tsipras, da esquerda radical, que decidiu pôr fim às privatizações e contratar funcionários demitidos, o que na sua opinião, não "vão necessariamente por um bom caminho".
Antes de Berlim, Varoufakis tinha visitado Frankfurt, Roma, Paris e Londres enquanto o primeiro-ministro foi à Roma, Bruxelas e também a capital francesa com o objetivo de convencer os sócios europeus a renegociar os 300 bilhões da dívida grega (175% do PIB) e pôr fim à austeridade na Grécia. Mas ao fim da cruzada, o balanço não é nada promissor. "Um perdão da dívida grega não está em discussão", lembrou Sch;uble.
Já o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, não disse nem meia palavra ao fim de seu encontro com Tsipras na quarta-feira, e o presidente francês, François Hollande insistiu tanto sobre "a solidariedade" quanto sobre "o respeito dos compromissos adquiridos".
O Fundo Monetário Internacional (FMI), importante credor do país, também deixou claro que "não há discussão" com Atenas. Sch;uble pediu que Atenas continue negociando com a troika de credores (UE, BCE, FMI) da Grécia, o que contraria as novas autoridades do país, que anunciaram que não os reconhecem como interlocutores.
Sem dúvida, a data chave para Atenas pode ser na semana que vem, na ocasião da cúpula europeia de Bruxelas. Em Atenas, uma fonte do governo garantiu que a Grécia "não deseja chantagear ninguém mas também não tem a intenção de permitir chantagem".