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Ucrânia demonstra otimismo com plano de paz de Hollande e Merkel

Plano será apresentado para Putin na sexta-feira

Agência France-Presse
postado em 05/02/2015 20:12
O plano de paz apresentado em Kiev pela chanceler alemã, Angela Merkel, e pelo presidente francês, François Hollande, pode abrir caminho para um cessar-fogo no leste separatista pró-russo da Ucrânia, revelou a presidência ucraniana nesta quinta-feira (05/02).

A proposta será submetida nesta sexta ao presidente Vladimir Putin, em Moscou. As conversas que aconteceram hoje, em Kiev, entre o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, Merkel e Hollande, "levam a esperar um cessar-fogo", declarou a presidência, em um comunicado, sem detalhar o conteúdo da reunião.

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Segundo informações publicadas agora à noite pelo jornal alemão "Süddeutsche Zeitung" (SZ) - desmentidas pelo governo alemão -, o plano prevê a "conclusão de um cessar-fogo imediato" contra uma "maior autonomia acordada aos separatistas sobre um território mais amplo do que o pensado até aqui".

"Querem, claramente, fazer Poroshenko entender que se trata da última chance dada à Ucrânia de evitar uma derrota militar e um colapso econômico", enquanto Putin foi advertido de que poderia contar com novas sanções da UE - completou o SZ.

"Essa matéria não é precisa", desconversou um porta-voz do governo alemão. Questionada pela AFP sobre se as informações do SZ são verídicas, uma fonte diplomática ucraniana de alto perfil respondeu que "não".

Mais cedo, o presidente francês havia advertido que a opção diplomática "não pode se prolongar indefinidamente". "Há uma guerra na Ucrânia. Armas pesadas estão sendo usadas, civis morrem diariamente", disse Hollande, lembrando que França e Alemanha levavam "a iniciativa" há meses na bagagem para tentar favorecer uma solução negociada na Ucrânia.

"Partiremos para Kiev esta tarde. Faremos uma nova proposta de solução sobre o conflito, que se baseará na integridade territorial da Ucrânia, e iremos discuti-la com o presidente Poroshenko e, na sexta, em Moscou, com o presidente russo", havia antecipado Hollande, antes da viagem. O presidente francês ressaltou que "a França não entra no debate sobre o fornecimento de armas à Ucrânia".

Obama decide em breve entrega de armas

Em paralelo à proposta apresentada por Alemanha e França, a maior iniciativa de mediação internacional empreendida desde o início desse conflito no leste do país, os Estados Unidos avaliam a possibilidade de atender aos pedidos de ajuda militar por parte da Ucrânia.

"O presidente [Barack Obama] tomará sua decisão. Espero que logo", disse em Kiev o secretário de Estado americano, John Kerry, referindo-se à possibilidade de que os Estados Unidos forneçam armas ao governo da Ucrânia para lutar contra os rebeldes pró-russos em Donetsk e Lugansk.

Kerry acrescentou que "a primeira opção, obviamente, é resolver a questão por meio da diplomacia". "Queremos uma solução diplomática, mas não podemos fechar os olhos, quando os tanques atravessam a fronteira da Rússia e chegam à Ucrânia", declarou Kerry mais cedo nesta quinta.

O secretário americano explicou que Obama vai esperar até que Alemanha e França apresentem sua proposta de paz a Putin. O presidente russo é acusado pelo Ocidente de apoiar os separatistas no leste da Ucrânia.

"Não estamos interessados em uma guerra de poder. Nosso objetivo é mudar o comportamento da Rússia", insistiu Kerry, prometendo que os EUA e seus sócios vão considerar todas as opções disponíveis que permitam uma solução negociada.

"Quando o presidente considerar necessário, ou estiver pronto, tomará uma decisão", completou o secretário de Estado, acrescentando que Putin pode escolher "terminar com a guerra" na Ucrânia. "É preciso haver um compromisso imediato, agora, para um cessar-fogo real, que não é apenas um pedaço de papel com palavras, mas que é seguido de ações específicas", disse Kerry aos jornalistas.

O governo ucraniano e seus aliados ocidentais acusam a Rússia de enviar tropas e armas para o leste da Ucrânia, no intuito de ajudar os separatistas. Moscou nega as acusações.

Enquanto isso, os rebeldes continuam dispondo do sofisticado armamento de um Exército regular, já tendo infligido várias derrotas militares às tropas ucranianas nos últimos meses. O conflito se arrasta desde abril e já deixou 5.300 mortos. "Não estamos enfrentando os rebeldes. Estamos combatendo o Exército russo", declarou hoje o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk.

Durante meses, Washington descartou entregar armas às tropas ucranianas, mas pode estar mudando de ideia, segundo autoridades americanas. Entre os motivos, estariam o suposto apoio russo aos rebeldes e a ineficácia das sanções econômicas. Kiev alega que precisa de armas e equipamentos sofisticados como "aparelhos de comunicação, de visão eletrônica e radares".

Um relatório independente elaborado por diferentes "think tanks" nos Estados Unidos, publicado na segunda-feira, aponta que "drones" (aviões não tripulados) e mísseis contra veículos blindados poderão ser entregues. O porta-voz da diplomacia russa, Alexandre Lukachevich, advertiu que essa decisão pode representar um "prejuízo colossal" para as relações entre Rússia e Estados Unidos.

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