Agência France-Presse
postado em 05/02/2015 20:48
O grupo Estado Islâmico está ganhando terreno na Líbia e é necessária uma nova abordagem internacional para responder a esta ameaça crescente, advertiu nesta quinta-feira (05/02) um alto funcionário líbio.Aref Ali Nayed, embaixador da Líbia nos Emirados Árabes Unidos, e conselheiro do premiê Abdullah al-Thani, esteve em Washington e em Nova York esta semana para discutir os novos desafios no campo da segurança em seu país.
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"O Isis [acrônimo em inglês usado para identificar o Estado Islâmico] está crescendo na Líbia, exponencialmente. O Isis está cometendo atrocidades a cada dia", declarou Nayed em entrevista à AFP. "Não é possível combater o Isis no Iraque e na Síria sem também tratar do componente líbio", prosseguiu.
As Nações Unidas inseriram na lista negra um dos grupos ;jihadistas; líbios, o Ansar al-Sharia, por seus vínculos com o grupo Estado Islâmico, mas Nayed disse que as milícias costumam se reformular para manter e expandir seus vínculos com o EI. Nayed estima que o EI esteja ativo em sete cidades líbias e tenha lançado ataques em uma dezena de localidades.
Na semana passada, um ataque contra o luxuoso hotel Corinthia, em Trípoli, foi reivindicado pelo EI, enquanto nesta semana, uma investida contra um campo petrolífero também pode ter sido praticado por um grupo ligado ao EI. Nayed manifestou sua preocupação diante da afluência de combatentes estrangeiros na Líbia - procedentes do Iêmen, da Tunísia, da Argélia e da Chechênia -, que, segundo ele, foram recrutados pelo EI. Ele advertiu que a Líbia poderia ser usada como base para ataques na Europa, pois fica a "apenas uma hora de distância" de avião.
"Vemos uma ausência evidente de estratégia para responder ao Isis globalmente", afirmou Nayed. "Esta é ameaça mais existencial ao meu país". Nos últimos quatro anos, a Líbia tem sido devastada por um conflito no qual milícias poderosas e governos rivais se enfrentam na disputa por cidades-chave e pelas riquezas petrolíferas do país.
O governo líbio reconhecido internacionalmente se baseia no extremo leste do país, perto da fronteira egípcia, enquanto a aliança miliciana Fajr Libya, apoiada por islamitas, tomou o controle de Trípoli no verão passado no hemisfério norte.