Agência France-Presse
postado em 06/02/2015 08:50
O primeiro-ministro timorense, que pediu demissão do cargo, disse hoje (6) à Agência Lusa que sua saída tornou-se "obrigação moral e política" e que a decisão pretende abrir caminho à nova geração."Ou agora ou nunca mais e ficava a nova geração demasiadamente dependente", afirmou Gusmão depois de participar de um debate político em Díli sobre transição política e liderança.
Ele afirmou à Lusa que prefere o termo "deixar" o cargo de primeiro-ministro do que ;abandonar, que tem um significado muito pejorativo", considerando que o momento é histórico não por sua causa, mas pelo que representa em termos de transição de uma geração.
"Histórico, talvez por se considerar que não é normal, mas eu penso que todos compreendem que a decisão foi pensada e refletida com muita profundidade", acrescentou. "Eu acredito que vai trazer muitos benefícios. A médio prazo,as pessoas vão pensar que foi a melhor decisão".
À pergunta se vai continuar no governo, Xanana Gusmão respondeu que isso "depende do novo primeiro-ministro", recusando-se a confirmar, como presidente do maior partido do país, o Congresso Nacional da Resistência Timorense (CNRT), quem vai indicar ao presidente da República. "O presidente depois vai ver", disse.
Sobre o receio de alguns setores da sociedade timorense, de que a sua saída possa causar instabilidade, o primeiro-ministro demissionário manifestou-se otimista de que isso não vai ocorrer.
"Eu não acho [que vá haver instabilidade]. Por isso é que, na minha intervenção, fiz um apelo para todos estarem calmos, para todos contribuírem da melhor forma", observou. "E, sobretudo, aos jornais timorenses, para não especular".
O presidente da República timorense, Taur Matan Ruak, anunciou que convocou o Conselho de Estado para uma reunião na segunda-feira (9), depois de ter recebido, nessa quinta (5), a carta de demissão. Além de convocar a reunião, "para o exercício das suas competências constitucionais", o presidente vai ouvir novamente os partidos com representação parlamentar.
Na carta enviada, Xanana Gusmão explicou que a sua demissão se prende ao "entendimento comum" da necessidade de "uma reestruturação profunda, que permita assegurar, nestes dois anos e meio que restam ao governo, maior dinâmica em termos de eficiência".