Agência France-Presse
postado em 07/02/2015 09:41
O grupo Estado Islâmico (EI) afirmou que uma refém americana morreu em um bombardeio da coalizão no norte da Síria, mas Washington disse não ter provas de sua morte e a Jordânia expressou seu profundo ceticismo.[SAIBAMAIS]Os pais desta americana de 26 anos, uma trabalhadora humanitária sequestrada na cidade síria de Aleppo em agosto de 2013, expressaram a esperança de que sua filha continue viva, e pediram aos jihadistas que entrem em contato com eles. Segundo o EI, que se apoderou de amplas zonas de território na Síria e no Iraque, "a aviação da coalizão bombardeou uma posição fora da cidade de Raqa durante a oração de sexta-feira", matando a refém americana Kayla Jean Mueller.
No título de seu comunicado, o grupo jihadista afirma que a mulher morreu em um bombardeio da aviação jordaniana. EI não divulgou fotos do corpo da refém, e publicou apenas imagens de imóveis destruídos. Uma legenda afirma que se trata de escombros nos quais a americana morreu.
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"Estamos muito preocupados com estas informações", declarou a porta-voz do Conselho americano de segurança nacional (NSC). Ela acrescentou, no entanto, que não tinha, "no momento, indícios tangíveis" sobre a morte de uma refém americana na Síria.
O ministro jordaniano das Relações Exteriores, Nasser Judeh, expressou suas dúvidas sobre as afirmações do EI, e classificou de "velho truque de terroristas" as informações sobre reféns mortos em bombardeios. "Somos muito céticos", indicou à AFP o porta-voz do governo jordaniano. "Não é lógico. Como podem identificar um avião de tão longe? O que a americana fazia em um arsenal? Tudo isso é parte de sua propaganda criminosa".
O exército jordaniano limitou-se a indicar que seus aviões realizaram novas operações na sexta-feira contra o EI e "destruíram posições (...) desta organização terrorista".
Erradicar o EI
Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), bombardeios realizados na sexta-feira no norte da Síria pela coalizão custaram a vida "de ao menos 30 jihadistas". Estas incursões tiveram como alvo "posições e depósitos de veículos militares e blindados, a leste e oeste da cidade de Raqa", acrescentou esta ONG.
A Jordânia multiplicou os bombardeios contra os jihadistas do EI após a morte de um piloto jordaniano, capturado no fim de dezembro pelo EI após se acidentar com seu F-16, e que foi queimado vivo pelos jihadistas, como mostra um vídeo divulgado na terça-feira. Na Jordânia, milhares de pessoas se concentraram após a oração semanal de sexta-feira para exigir punição ao grupo jihadista após a morte do piloto Maaz al Kasasbeh.
"Todos somos Maaz", "Todos somos Jordânia", "Sim à punição", "Sim à erradicação do terrorismo", afirmavam os cartazes, em meio a bandeiras jordanianas e fotos do piloto. Por sua vez, os pais de Kayla Jean Mueller pediram que os sequestradores entrem em contato com eles.
"Mantemos a plena esperança de que Kayla está viva. Enviamos a eles uma mensagem particular e pedimos que nos respondam de forma privada", afirmaram Carl e Marsha Mueller em um comunicado publicado na NBC News, ressaltando que já estiveram em contato no passado com os sequestradores.
Sua família descreve a jovem como "muito dedicada ao povo sírio" e afirma que "dedicou sua carreira a ajudar os que precisam em todo o mundo". Kayla chegou em dezembro de 2012 à fronteira sírio-turca para ajudar os deslocados.
Acusado de limpeza étnica e crimes contra a humanidade, o EI aproveita a guerra civil na Síria e a instabilidade no Iraque para se apoderar de grandes porções de territórios, impõe neles suas próprias leis e multiplica os crimes.