Agência France-Presse
postado em 07/02/2015 12:06
Ao menos 32 pessoas morreram em ataques em Bagdá neste sábado, horas antes do levantamento previsto do toque de recolher noturno, em vigor na capital iraquiana há anos. Bagdá parece estar a salvo de uma ofensiva dos jihadistas do EI, que se apoderaram de extensas zonas do território iraquiano, mas costuma ser palco de atentados, sobretudo contra a comunidade xiita e as forças de segurança.
[SAIBAMAIS]O atentado mais sangrento foi registrado neste sábado em um restaurante do bairro Bagdad al Jadida (leste) por volta das 11h00 locais (06h00 de Brasília). Um suicida detonou o cinturão de explosivos que carregava, deixando ao menos 23 mortos e mais de 40 feridos. Outro ataque deixou ao menos nove mortos e 28 feridos em um centro comercial no coração da capital iraquiana.
Apesar da frequência dos ataques em Bagdá, o primeiro-ministro iraquiano, Haider al Abadi, ordenou o levantamento do toque de recolher noturno a partir deste sábado à meia-noite (19h00 de Brasília) para restabelecer na medida do possível a normalidade, apesar da guerra.
As cafeterias e restaurantes, que poderão permanecer abertos após a meia-noite, esperam uma atividade maior graças ao levantamento previsto do toque de recolher, mas o ataque deste sábado tomou como alvo, simbolicamente, um deles.
O toque de recolher havia sido instaurado para tentar frear a violência, que se intensificou consideravelmente em meados dos anos 2000. As horas variaram ao longo dos anos e nos últimos tempos estava em vigor da meia-noite às 05h00 locais.
Segundo um comunicado de seu gabinete, Abadi também ordenou a reabertura de ruas importantes da capital "para facilitar a circulação de cidadãos" e que os bairros de Azamiya e Kazimiya (norte) se tornem "zonas desmilitarizadas". Os postos de controle do exército e da polícia em Bagdá provocam engarrafamentos, o que acaba irritando a população.
Fossa comum de yazidis
No norte e oeste do país, onde o exército e as forças curdas tentam se apoderar das zonas conquistadas pelos jihadistas do EI, foi encontrada uma nova fossa comum com os restos de 23 homens da minoria yazidi, informou o porta-voz do ministério dos Mártires da região autônoma do Curdistão iraquiano, Fuad Othman.
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A fossa foi aberta na sexta-feira perto da aldeia de Bardiyan graças a informações fornecidas por um vizinho da zona, acrescentou o porta-voz. Othman declarou que as vítimas morreram baleadas e algumas estavam com as mãos atadas.
No domingo passado, combatentes curdos encontraram os corpos de 25 yazidis (homens, mulheres e crianças) em uma fossa comum situada mais ao sul, no setor do Monte Sinjar, um reduto desta comunidade. Segundo Othman, dezenas de corpos estão em outra fossa comum no setor de Hardan.
A minoria yazidi foi alvo de atrocidades dos jihadistas, que executaram homens e sequestraram centenas ou milhares de mulheres, vendidas como esposas a seus combatentes ou convertidas em escravas sexuais, segundo a Anistia Internacional. O grupo extremista cometeu muitas atrocidades nos territórios sob seu controle no Iraque e na vizinha Síria.