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Separatistas ucranianos bombardeiam quartel-general do governo

Ataque acontece enquanto Alemanha, França, Rússia e Ucrânia tentam entrar em acordo sobre documento para negociar a paz na região

Agência France-Presse
postado em 10/02/2015 16:22
O estado-maior do exército ucraniano no leste da Ucrânia foi alvo, nesta terça-feira (10/02), de bombardeios pela primeira vez desde o início da guerra, na véspera de uma cúpula crucial em Minsk para tentar alcançar um plano de paz.

Enquanto os diplomatas enviados por Alemanha, França, Rússia e Ucrânia tentavam entrar em acordo sobre um documento que sirva de base a um eventual plano de paz, os combates deixaram novas vítimas no leste da Ucrânia, palco há dez meses de um conflito que já deixou mais de 5.300 mortos.

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Ao menos 20 pessoas perderam a vida num momento em que o exército ucraniano e os separatistas pró-russos tentam ganhar o máximo de espaço para chegar em posição de força à mesa de negociação. O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, precisou interromper uma sessão parlamentar para anunciar que o principal quartel-general do exército na região leste da Ucrânia controlada por separatistas foi atingido por foguetes.

Situado em Kramatorsk, a 70 km do reduto pró-russo de Donetsk, este quartel governamental encontra-se a menos de 45 km da zona rebelde mais próxima. Um jornalista da AFP em terra viu dois cadáveres, mas as autoridades ucranianas anunciaram a morte de seis civis neste ataque com lança-foguetes múltiplo Smerch.

Nas últimas 24 horas, outros sete soldados e sete civis perderam a vida, segundo os balanços das autoridades ucranianas e dos rebeldes. Ao sul da linha de frente, as tropas ucranianas anunciaram ter lançado uma contraofensiva e ter tomado o controle de três localidades a leste do porto estratégico de Mariupol, última grande cidade da região controlada por Kiev.

Em Dokuchayevsk, 35 quilômetros ao sul de Donetsk, um jornalista constatou o desenvolvimento de combates intensos com disparos de artilharia.

"Disparam contra nós quase todos os dias", explicou à AFP Vladimir Ivanovich, de 47, enquanto tentava consertar as janelas de sua casa atingidas por um morteiro.

Cúpula da última oportunidade

Neste contexto, as próximas 24 horas são cruciais no campo diplomático, após as negociações mantidas na semana passada entre o presidente francês, François Hollande, e a chanceler alemã, Angela Merkel, com Petro Poroshenko que também se encontraram com o presidente russo, Vladimir Putin.

Além disso, a realização de uma cúpula em Minsk, capital de Belarus, dependerá especialmente do resultado da reunião da noite desta terça-feira do grupo de contato sobre a Ucrânia, que reúne representantes ucranianos, russos, separatistas e da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE).

Merkel e Hollande mostraram sua vontade de ir a Minsk para tentar alcançar um acordo de paz para a Ucrânia. Segundo uma fonte próxima ao ministério alemão das Relações Exteriores, as negociações entre diplomatas de alto escalão realizadas na segunda-feira em Berlim prosseguirão nesta noite em Minsk.

Embora não tenha sido divulgado, o plano de paz franco-alemão busca aplicar os acordos de paz assinados em setembro na capital de Belarus.

A Ucrânia insiste, por sua vez, no respeito à linha de frente estabelecida na época, mas os separatistas ocuparam 500 quilômetros quadrados adicionais desde setembro.

Outro assunto em litígio é o do status dos territórios conquistados pelos separatistas pró-russos. A Rússia insiste na constituição de uma federação, enquanto a Ucrânia fala de descentralização.

Também está em discussão o controle da fronteira entre Ucrânia e Rússia nos territórios controlados pelos rebeldes. O governo ucraniano exige o controle conjunto com a OSCE, mas a Rússia nega-se a falar do tema e pede que o governo de Kiev entre em acordo com os rebeldes, indicou uma fonte governamental ucraniana.

No entanto, uma fonte diplomática francesa mostrou-se otimista a respeito da realização desta cúpula. "Há oito dias ucranianos e russos não se falavam. Hoje estão ao redor da mesa" de negociações, disse esta fonte à AFP.

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