Agência France-Presse
postado em 10/02/2015 18:31
O governo da Venezuela confirmou nesta terça-feira (10/02) a liberalização parcial do mercado de câmbio, ao criar um novo mecanismo de compra e venda de divisas através de operadores da bolsa e bancos, mas não detalhou qual será o percentual de desvalorização do bolívar.Esta medida busca reduzir o pesado déficit fiscal, agravado pela queda dos preços do petróleo e em um contexto de severa recessão, inflação e escassez de produtos.
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As autoridades venezuelanas garantiram, contudo, que 70% dos bens básicos como alimentos e medicamentos continuarão com a taxa de 6,30 bolívares por dólar. Os 30% restantes dos artigos da cesta básica serão precificados segundo a taxa de câmbio dos leilões, conhecida como Sicad, que terá cotação inicial de 12 bolívares por dólar, mas que flutuará sob o controle do governo.
Uma terceira taxa, para o resto dos setores da economia, surgirá do novo "Sistema Marginal de Divisas" (Simadi), que segundo o ministério da Economia funcionará livremente. O governo não informou sobre sua previsão de cotação. O presidente do Banco Central venezuelano, Nelson Merentes, não acredita que o novo mercado trará efeitos inflacionários e assegurou que servirá para baixar o preço do dólar no mercado negro.
Analistas e bancos de investimento avaliam que uma desvalorização do bolívar em relação dólar pode corrigir os desequilíbrios fiscais e monetários que afetam a economia venezuelana e que levaram a uma contração de quase 4 pontos no PIB durante 2014. A Venezuela, que obtém 96% de suas divisas das exportações de petróleo, tem sido prejudicada pela desvalorização da commodity, que registra uma queda de quase 60% desde junho de 2014.
Os problemas de liquidez externa da Venezuela e os conflitos sociais provocaram um rebaixamento da nota da sua dívida pelas agências de classificação de risco Moody;s e S, que alertam sobre a possibilidade de moratória do país. O ministro da Economia Marco Torres reiterou em várias ocasiões que a Venezuela "cumprirá pontualmente" os seus compromissos e disse que as agências de classificação de risco são "profetas do desastre".