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Morre, aos cem anos, ex-chefe de propaganda chinês Deng Liqun

No Partido Comunista chinês desde 1936, Liqun tornou-se um dos maiores críticos da abertura do país ao capitalismo

Agência France-Presse
postado em 10/02/2015 19:11
O ex-chefe da propaganda chinesa e comunista linha-dura Deng Liqun, um crítico feroz das reformas econômicas patrocinadas pelo líder Deng Xiaoping, morreu nesta terça-feira (10/02) aos 100 anos, noticiou a imprensa oficial.

Conhecido como "Little Deng" (pequeno Deng), para distingui-lo do "Old Deng" (velho Deng), ele faleceu na tarde desta terça-feira em Pequim, noticiou o Partido Comunista Chinês em um comunicado, citado pela agência de notícias Xinhua.

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Em uma nota curta de dois parágrafos, a Xinhua informou que Deng Liqun "foi enaltecido no comunicado como um excelente membro do partido, um soldado comunista leal e perene, um revolucionário proletário, um líder notável no trabalho ideológico e teórico de propaganda do Partido, bem como um teórico marxista".

Deng Liqun entrou para o Partido Comunista em 1936 e, depois da vitória das forças de Mao Tsé Tung, em 1949, trabalhou na região do extremo oeste de Xinjiang, onde ajudou a vencer a resistência muçulmana ao regime comunista.

Ele foi afastado durante a caótica Revolução Cultural, mas nos anos 1970, foi reabilitado. O esquerdista linha-dura trabalhou como chefe de propaganda do partido entre 1982 e 1985 e desempenhou um papel-chave em afastar intelectuais liberais.

Ele também foi uma voz dissonante contra as reformas econômicas de Deng Xiaoping. Em 1995, distribuiu um documento interno, segundo o qual o desenvolvimento econômico desenfreado impulsionado pelas reformas promovidas pelo líder corriam o risco de arruinar o partido e o socialismo.

Em outro documento, distribuído antes da morte de Deng Xiaoping, em fevereiro de 1997, ele acusou o líder e seu protegido, o então presidente Jiang Zemin, pela possível destruição do partido. Ele foi impedido de entrar no funeral de Deng, ironicamente ao lado do ex-secretário do partido, Zhao Ziyang, a quem ele tinha ajudado a destituir depois dos protestos pró-democracia da Praça da Paz Celestial, de 1989.

Em 2001, ele atacou a tentativa de Jiang de permitir que empreendedores capitalistas ingressassem no partido. Em uma carta aberta, ele acusou Jiang de violar as regras do Partido Comunista e previu a morte do partido se a tese de Jiang fosse abraçada e condenou o "culto à personalidade" em torno do líder.

Um linha-dura até o fim, em agosto do ano passado, ele escreveu uma carta elogiando cinco uigures de Xinjiang, que ajudaram os comunistas na região e que morreram em um acidente aéreo quando se dirigiam a Pequim, em 1949.

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