Agência France-Presse
postado em 12/02/2015 15:27
Cidade do Vaticano- O papa Francisco prometeu nesta quinta-feira aos cardeais de todo o mundo reunidos no Vaticano que garantirá uma transparência total na reforma da Cúria Romana, que gera muitas resistências internas.Um total de 165 cardeais, convocados pelo pontífice para um consistório ou assembleia geral, se reuniram na Sala do Sínodo para analisar as propostas de reforma elaboradas até agora.Um documento de síntese foi entregue aos purpurados com sugestões, entre elas a criação de dois superministérios, um deles dedicado à defesa do meio ambiente.
[SAIBAMAIS]
Desde que foi eleito ao trono de Pedro, em março de 2013, Francisco defende uma reforma da organização central da Igreja, desacreditada por uma série de escândalos financeiros e intrigas."A reforma da Cúria quer favorecer a absoluta transparência e uma evangelização mais eficaz", afirmou o Papa, que deseja modificar várias entidades do Vaticano.
A reforma "não é um fim em si mesma", advertiu Francisco, que deseja fomentar uma maior colegialidade, assim como o diálogo, dentro do governo central da Igreja.
O Papa e seus assessores prepararam um novo organograma, que inclui a fusão de entidades, de maneira a desmontar a complexa e criticada burocracia vaticana.A falta de colaboração entre organismos, uma formação deficitária do pessoal e a pouca vontade para se mobilizar são alguns dos males da maquinaria central da Igreja.
Francisco lembrou aos chamados príncipes da Igreja que o pedido de reforma foi o tema central das reuniões entre cardeais no pré-conclave realizado antes de sua eleição."É preciso aperfeiçoar ainda mais a identidade da Cúria Romana" em seu trabalho de "ajudar o sucessor de Pedro na tarefa que desenvolve para o bem do serviço à Igreja", reiterou.
Dois novos superministérios para governar melhor a Igreja
Segundo o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, entre os superministérios que serão criados figura um dedicado à família, aos laicos e à defesa da vida.Outro deverá se dedicar a tudo que se refere à caridade, justiça e paz, da saúde à imigração.
A hierarquia da Igreja também quer desenvolver uma maior atenção ao meio ambiente, tema da encíclica que Francisco prepara."Os prazos serão longos", advertiu Lombardi, já que se trata de aprovar uma reforma da Constituição vaticana vigente.O novo texto deverá substituir a constituição "Pastor Bonus" de João Paulo II assinada em 1988.
Já o cardeal italiano Gianfranco Ravasi, atual prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, em declarações à imprensa propôs a criação de "um polo cultural" de maneira a unir o Conselho da Cultura com o encarregado de Educação e englobar múltiplas instituições vaticanas, como os Museus, a Biblioteca ou o Arquivo secreto.Ravasi apresentou sua proposta ao chamado G9 vaticano, o grupo de nove purpurados de todo o mundo que assessoram o Papa na reforma.
No sábado, aproveitando a presença no Vaticano de purpurados de todo o mundo, Francisco proclamará 20 novos cardeais, 15 deles eleitores, ou seja, com direito a voto em caso de eleição do pontífice.Francisco decidiu conceder o título cardinalício a bispos desconhecidos, que dedicaram sua vida a pequenas dioceses, afastados do poder e em contato com a gente comum de América Latina, Ásia e África.