Agência France-Presse
postado em 12/02/2015 21:43
A juíza Sandra Arroyo Salgado, ex-esposa de Alberto Nisman, ganhou destaque na investigação, ao pedir um fortalecimento das instituições e que se evite politizar a misteriosa morte do promotor que há mais de um mês intriga a Argentina.Salgado participou de uma audiência pública organizada por legisladores da oposição no Congresso e em sua intervenção revelou que tinha pedido à Defensoria Geral que a morte de Nisman seja denunciada na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
"Estou aqui sem qualquer tipo de intenção política", disse a magistrada, que costuma ser discreta, e pediu a todas as instituições para agir com "prudência, ética e responsabilidade" no caso.
[SAIBAMAIS]A juíza, que teve nas mãos casos de grande repercussão midiática, fez apelos reiterados à prudência neste caso que sacode o país e que qualificou de "grave" para o país e "trágico" para sua família.
"Os juízos de valor interferem e condicionam o trabalho da justiça", advertiu a mulher em alusão às declarações cruzadas de altos funcionários do governo e da justiça sobre o caso.
Suas críticas também se dirigiram à promotora e à juíza que investigam a morte do pai de suas duas filhas, a quem pediu para limitar a divulgação pública do caso para não antecipar o curso da investigação.
Desde a descoberta, em 18 de janeiro, do corpo do promotor, que durante uma década investigou o atentado em 1994 contra a mutual judaica AMIA, que deixou 85 mortos, a promotoria informa sobre o resultado de perícias já feitas e também antecipa os próximos passos.
"Deixemos a justiça agir", disse a juíza ao defender o dever que as instituições argentinas têm neste momento de "fortalecer a independência dos poderes".
A ex-esposa de Nisman, uma mulher magra, de rosto anguloso e cabelos longos, que impulsiona a investigação representando suas filhas de 15 e 7 anos, bem como a mãe do promotor, Sara Garfunkel, solicitou horas antes destas declarações a realização de um "autópsia psicológica" do promotor.
O objetivo do estudo psiquiátrico é reconstituir o estado mental do promotor e traçar seu perfil psicológico antes da morte, com entrevistas ao círculo íntimo e laboral de Nisman, assim como os médicos que o atenderam no último momento, explicaram peritos forenses.
O caso é denominado de "morte duvidosa" e a promotora Viviana Fein, que o investiga, tenta provar se a morte resultou de suicídio, suicídio induzido ou assassinato.
Três provas fortaleceram a hipótese de suicídio: a necropsia revelou que não houve participação de terceiros, só foi encontrado o DNA do promotor na pistola que o matou e a roupa que a vítima usava e um exame balístico determinaram que o local do disparo na cabeça correspondia a uma "lesão autoinfligida".
Até agora, a família Nisman e a juíza repudiam a hipótese de suicídio.