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Espanha e Grécia são 'muito diferentes', diz líder do Podemos

Sobre o debate aberto na Espanha entre monarquia e república, ele se negou a se posicionar abertamente sobre a necessidade de um referendo

Agência France-Presse
postado em 13/02/2015 20:12
As situações da Espanha e da Grécia não são comparáveis e um acordo europeu sobre as finanças gregas teria pouca influência nas legislativas espanholas deste ano, afirmou nesta sexta-feira o líder do Podemos, partido aliado do Syriza, determinado a chegar ao poder em seu país.

"Eu já disse muitas vezes, ninguém fez os deveres dos gregos, nós não os fizemos ganhar as eleições, embora eu tenha ido a alguma manifestação, nem elas nos farão ganhar as eleições ou perdê-las", avaliou Pablo Iglesias, durante um encontro com meios de comunicação estrangeiros, entre eles a AFP, em Madri.

Espanha e Grécia "são países diferentes, muito diferentes", assegurou o carismático professor de ciências políticas, de 36 anos e longo rabo de cavalo, diante da possibilidade de um acordo mínimo entre o governo grego de Alwxis Tsipras e seus parceiros europeus decepcionarem a opinião pública.

"Para começar, a Espanha é a quarta economia da zona do euro e isso implica uma posição negociadora completamente diferente", afirmou."Que nós tenhamos simpatia pelo governo de mudança não quer dizer que nossas realidades sejam simétricas", completou, tomando distância depois que a Grécia e os outros países da Eurozona acordaram em reiniciar nesta sexta-feira um diálogo mínimo em Bruxelas sobre o programa de reformas que Atenas pactuou com seus credores.

"Estou convencido de que o governo grego irá bem, mas é uma variável que vai influir em nosso país de forma muito limitada, serão os cidadãos espanhóis que decidirão em última instância o que querem que façamos aqui", completou. A Espanha realizará comícios municipais e regionais em maio e legislativos no final do ano e o Podemos, pequeno partido antiliberal nascido em janeiro de 2014 sob o estandarte da luta contra a austeridade, está decidido a "ganhar as eleições e formar um governo", assegurou Iglesias.

Encorajado pela vitória do Syriza no dia 25 de janeiro na Grécia, uma semana depois o Podemos saiu nas ruas de Madri, entre 100.000 e 300.000, para pedir mudança, em uma manifestação com ares de comício político. Várias pesquisas eleitorais situam o partido em primeiro ou segundo lugar nas intenções de voto.

Seus acusadores, principalmente os dois grandes partidos, o governamental Partido Popular (PP, direita) e o opositor Partido Socialista (PSOE), acusam o Podemos de populismo e criticam a indefinição de seu programa político e econômico. "O programa do Podemos não será um produto de marketing que inventaremos", disse Iglesias, relembrando as promessas não cumpridas do PP que chegou ao poder no final de 2011, e assegurando buscar seus futuros ministros na sociedade civil, entre os especialistas mais preparados dos setores judicial, fiscal e militar.

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"Se eu for presidente do governo, na primeira semana gostaria de acabar com os despejos, fazer uma reforma fiscal que iguale a capacidade de arrecadação de nosso país à europeia" e "proteger os direitos dos trabalhadores", enumerou.

Sobre o debate aberto na Espanha entre monarquia e república, ele se negou a se posicionar abertamente sobre a necessidade de um referendo. "Não me parece uma questão prioritária", disse.

Mas, "qualquer democrata entende que todas as instituições que de alguma maneira encarnam a representação da soberania têm que estar submetidas a alguma forma de voto", ponderou.

O rei Felipe VI "tem um enorme apoio social e creio que poderia perfeitamente vencer as eleições se se apresentasse para ser chefe de Estado", argumentou."É isso que vou dizer a ele quando nos encontrarmos e... Quem sabe? Pode ser que concorde", concluiu.

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