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Acordo de Minsk: paz na Ucrânia é ameaçada a poucas horas do cessar-fogo

Separatistas pró-Rússia e militares ucranianos continuaram se enfrentando nesta sexta-feira, e Petro Poroshenko reconheceu que o acordo "corre um grave risco"

Agência France-Presse
postado em 14/02/2015 10:52
A possibilidade de o acordo de Minsk se tornar efetivo diminuía, a poucas horas da entrada em vigor do cessar-fogo, programado para as 22h GMT deste sábado, depois que, ontem, o conflito deixou 28 mortos no leste do país.

Separatistas pró-Rússia e militares ucranianos continuaram se enfrentando nesta sexta-feira, e o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, reconheceu que o acordo "corre um grave risco".

Poroshenko acusou os rebeldes de "atacarem os acordos de Minsk" ao bombardearem a população civil do leste do país. Kiev e os países ocidentais afirmam que o Kremlin incentiva os rebeldes do leste, com o fornecimento de armas e tropas, o que Moscou nega.

O texto do acordo Minsk 2, fechado após 16 horas de negociação entre os líderes da Rússia, Ucrânia, França e Alemanha, projetou esperança, no momento em que o conflito se agrava, após 10 meses de hostilidades, que deixaram 5,5 mil mortos.

O cessar-fogo será a primeira prova do compromisso de Kiev e dos rebeldes com a assinatura do acordo. Com os separatistas lutando para conquistar o que puderem de território antes da entrada em vigor do documento, existe o temor de que a trégua não seja respeitada.

Reunião na ONU

O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir amanhã em sessão de emergência para reforçar o cessar-fogo, indicaram diplomatas.

Os Estados Unidos voltaram a acusar Moscou de continuar enviando armas pesadas ao leste da Ucrânia. "Estamos muito preocupados com a continuação dos combates (...) e com relatórios sobre tanques e sistemas de mísseis suplementares que chegaram nos últimos dias da Rússia", declarou a porta-voz do Departamento de Estado, Jennifer Psaki.

Neste sentido, G7, Conselho Europeu e Comissão Europeia pediram o respeito aos acordos.

O adjunto da administração presidencial ucraniana, Valery Chaly, afirmou que, "se o cessar-fogo fracassar, a Ucrânia receberá ajuda militar do Ocidente".

No reduto separatista de Donetsk, o fogo de artilharia continuava, procedente, sobretudo, dos rebeldes. Mas combates eram travados em toda a linha de frente, e "drones rebeldes sobrevoaram a área de conflito", afirmou ontem o Exército ucraniano, destacando os confrontos em torno da cidade estratégica de Debaltseve, onde separatistas pró-Rússia afirmam terem cercado milhares de soldados ucranianos, o que Kiev nega.

Questões litigiosas

Analistas acreditam que os separatistas tentarão conquistar esta localidade, que conecta os redutos de Donetsk e Lugansk, antes da entrada em vigor do cessar-fogo.

A maioria dos especialistas acredita que o novo acordo de paz é insuficiente, uma vez que não prevê mecanismos concretos para resolver questões litigiosas. Não menciona, por exemplo, o controle da fronteira com a Rússia, da qual 400 quilômetros estão nas mãos dos rebeldes, e pela qual, segundo Kiev e o Ocidente, a Rússia infiltra armas e tropas.



O vice-ministro da Defesa ucraniano, Petro Mekhed, acusou os rebeldes de quererem "levantar sua bandeira" sobre o eixo ferroviário de Debaltseve, onde se concentram as ofensivas, e no porto estratégico de Mariupol. "A Ucrânia espera uma escalada, e está tomando todas as medidas necessárias para responder à mesma."

Um controle ucraniano? "Não acredito. Ficaremos aqui", afirmou ontem um líder separatista de Uspenka, um dos postos fronteiriços com a Rússia.

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