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Copenhague: um suspeito de origem palestina com passado delinquente

Segundo o jornal Politiken, Omar El-Hussein nasceu em Copenhague, filho de palestinos que migraram para a Dinamarca fugindo dos conflitos

Agência France-Presse
postado em 16/02/2015 14:17

Copenhaga, Dinamarca - Omar El-Hussein, um dinamarquês de 22 anos de origem palestina apontado pela imprensa como o autor dos disparos mortais em Copenhague, acumulava atos de delinquência antes mesmo de se radicalizar.

Quem o conhecia descreve Omar como alguém inteligente e prestativo, mas com um quê sombrio - é o que diz uma antiga colega de classe. Ele parecia impulsivo, traço da personalidade que a dependência química pode ter piorado. Era muçulmano praticante.

"Às vezes ele tinha um comportamento bem agressivo, mas em geral era gentil e muito inteligente. Ele tirava notas boas na escola, tinha amigos e era um bom colega", afirmou à AFP Julie, que o conheceu no Ensino Médio.

Segundo o jornal Politiken, Omar El-Hussein nasceu em Copenhague, filho de palestinos que migraram para a Dinamarca fugindo dos conflitos que assolam a terra natal via um campo de refugiados na Jordânia.

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A história dolorosa de uma família perseguida de sua própria terra parece ter modelado sua visão de mundo. "Ele adorava discutir sobre o islamismo. Em particular, ele debatia muito sobre o conflito israelo-palestino. Ele não escondia que detestava os judeus", contou um outro colega de turma ao jornal Ekstra Bladet.

Mesmo assim, era impossível prever que ele iria tão longe - abrindo fogo contra os participantes de um debate sobre o islamismo e a liberdade de expressão, e uma sinagoga.

Julie, que se descreve como metade cristã metade muçulmana, lembra-se de quando Omar correu para socorrê-la após um acidente de carro em 2013. "Ele correu e me ajudou a andar até o colégio".

Três dias depois de ajudar a colega de forma tão solene, Omar - que segundo a polícia tinha ligação com grupos de delinquentes da capital dinamarquesa - golpeou diversas vezes a perna de um homem de 19 anos, numa estação de trem de Copenhague.

Ele foi colocado em detenção provisória e depois foi condenado a dois anos de prisão antes de ser libertado, no final de janeiro deste ano. Segundo a imprensa, o rapaz era praticante assíduo de boxe tailandês, conhecido como muay thai.

Mas "ele acabou tendo más influências, realmente nocivas", disse um outro conhecido ao jornal Politiken, lembrando que o hábito de fumar maconha o levou para um ambiente de delinquência. "Ele caiu numa armadilha".

A polícia afirma que o atirador era conhecido por porte ilegal de armas e violência. Os meses passados na prisão parecem ter sido determinantes pro destino de Omar. Segundo o jornal Berlingske, foi lá que ele afirmou pela primeira vez querer combater na Síria. Chegou a ser incluído numa lista de pessoas a serem monitorados pelos serviços de informação dinamarqueses.

"Ele tem um perfil bem típico", comentou um pesquisador especialista em terrorismo do King;s College de Londres, Hans Brun. "Ele teve problemas durante sua vida, mas nunca foi aceito pelos caciques do crime organizado. Ele passou um tempo na prisão, mas nunca esteve entre os mais perigosos", explica.

Aparentemente, ele nunca foi à Síria ou ao Iraque. "As viagens para o exterior não são uma condição necessária para se tornar perigoso. É perfeitamente possível se radicalizar dentro de casa. Como foi o caso do [extremista de direita norueguês Anders Behring] Breivik", ressalta Brun.

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