Agência France-Presse
postado em 17/02/2015 16:47
As forças governamentais sírias avançavam nesta terça-feira para o norte da cidade de Aleppo, no dia em que a ONU deve discutir um plano visando bloquear os combates na antiga capital econômica do país. Uma centena de combatentes dos dois lados, assim como civis, foram mortos nos combates - segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) "Aleppo é essencial essa batalha vai continuar de maneira intensa por ela é muito importante", afirmou uma fonte militar síria à AFP. Segundo o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahmane, as forças do regime sírio têm por um lado o objetivo de cortar a estrada pela qual os rebeldes de Aleppo se abastecem na vizinha Turquia e "sitiar totalmente estes bairros". Por outro lado, também visam "abrir a estrada que leva a duas cidades xiitas pró-governo Nabul e Zahra, sitiadas pelos rebeldes há 18 meses".
O exército, apoiado por combatentes iranianos e afegãos assim como pelo Hezbollah libanês, tomou as cidades de Bashkoy e Rityan, a uma dezena de quilômetros ao norte de Aleppo. Combates também foram travados mais ao norte de Hardtenine enquanto a artilharia governamental bombardeia duas localidades rebeldes na estrada que leva às duas cidades xiitas sitiadas.
[SAIBAMAIS]A ofensiva começou no mesmo dia em que o mediador da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, deve apresentar ai Conselho de Segurança da ONU um relatório sobre sua missão - que tem por objetivo parar a guerra que assola o país há quatro anos. Antigo coração industrial da Síria, Aleppo está dividida em duas desde de julho de 2012: os rebeldes se encontram no leste e o regime no oeste.
Abrir diversos fronts
Para o regime, "o principal objetivo é suspender o sítio a Aleppo" pelos rebeldes que controlam quase toda a província, exceto uma pequena porção no leste da cidade, segundo uma fonte militar síria. Questionada sobre a ofensiva governamental no sul do país, às margens das posições israelenses nas colinas de Golã, esta fonte explicou que o ataque "não estava ligado" mas que a operação militar em Aleppo provava a "capacidade do exército sírio de abrir diversas frentes ao mesmo tempo".
Em Aleppo, os combates correram em diferentes partes da cidade, especialmente no centro antigo, em Rashidin e em Zahra, segundo o OSDH. A ONG informou que 45 rebeldes foram mortos na província e na cidade, assim como seis civis nos bairros rebeldes. Cinquenta soldados morreram nos combates enquanto oito civis foram mortos por obuses lançados por rebeldes sobre Mocambo e Azizia, bairros do oeste da cidade.
De Mistura propôs no último 30 de outubro começar por instaurar zonas de cessar-fogo para permitir a distribuição de ajuda humanitária em Aleppo. Ele causou a ira da oposição e dos rebeldes afirmando na última sexta-feira que o presidente Bashar al-Assad faz "parte da solução". Para Noah Bonsey, do International Crisis Group, "trata-se de uma escalada do regime para reforçar sua posição a respeito da proposição do congelamento dos combates" em Aleppo. "Se o regime for capaz de tomar estas cidades e quebrar os sítios de Nabul e Zahra, teremos uma evolução significativa. Mas isso está muito no plano da suposição".
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A retomada dos combates em Aleppo "não tem nada a ver com as discussões da ONU", avaliou Fabrice Balanche, geógrafo especialista em Síria. "A estratégia militar de Bashar al-Assad é completamente independente: ele pretende vencer pela força e não por negociações internacionais".
"O momento foi bem escolhido no norte, porque com a ofensiva curda sobre os territórios tomados pelo Estado Islâmico, Assad sabe que o EI não tem os meios para atacar suas posições em Aleppo", explica. "Além disso, o mês de fevereiro é propício aos ataques do exército já que o inverno é muito mais favorável a ele do que aos rebeldes, que sofrem com o frio e a umidade", ressaltou Balanche.