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Kiev pede envio de forças de paz à Ucrânia; separatistas se opõem

O presidente ucraniano pedirá um contingente internacional de paz para vigiar a fronteira entre Rússia e Ucrânia

Agência France-Presse
postado em 19/02/2015 11:04
Soldados ucranianos em veículo militar próximo a Artemivsk

Kiev - Os separatistas pró-russos do leste da Ucrânia, que conseguiram tomar a cidade chave de Debaltsev, condenaram nesta quinta-feira (19/2) a decisão de Kiev de pedir o envio de um contingente internacional para manter a paz no país.

A chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente francês, François Hollande, e seus colegas russo e ucraniano, Vladimir Putin e Petro Poroshenko, denunciaram nesta quinta-feira "as rupturas do cessar-fogo comprovadas nos últimos dias" na Ucrânia, em uma conversa telefônica, segundo um comunicado do Eliseu.

Os líderes acordaram "aplicar com rigor todo o pacote de medidas pactadas em 12 de fevereiro em Minsk", que preveem um cessar-fogo total, a retirada das armas pesadas do front e a libertação de prisioneiros.

No entanto, os rebeldes alcançaram seu objetivo militar depois de tomar Debaltsev. O território que controlam agora é homogêneo, já que a conquista do maior centro ferroviário da região possibilita a união entre os territórios separatistas de Lugansk e Donetsk.

Logo depois de anunciar a conquista de Debaltsev, os separatistas indicaram que retiravam as armas pesadas do front, conforme os acordos de Minsk, que haviam violado no domingo.

O presidente ucraniano anunciou na noite de quarta-feira (18/2) que pedirá o envio de um contingente internacional de paz, sob o mandato da ONU, para vigiar a fronteira entre Rússia e Ucrânia, e a linha que separa a Ucrânia das regiões separatistas.

Será "a melhor opção (...) para garantir a segurança, em uma situação na qual o cessar-fogo não é respeitado nem pela Rússia, nem pelos que a apoiam", afirmou Poroshenko.

Um líder separatista de Donetsk, Denis Puchilin, rejeitou nesta quinta-feira a proposta de Kiev, ao considerar que significa uma violação dos acordos de Minsk. Também pediu que Rússia, Alemanha e França "coloquem outra vez a Ucrânia no caminho da paz", em declarações à agência de notícias Interfax.

A postura dos separatistas coincide mais uma vez com a de Moscou. Poroshenko tenta "destruir os acordos de Minsk" pedindo forças de paz, acusou o embaixador russo na ONU, Vitali Churkin.

Ocidente exige aplicação de cessar-fogo

Segundo Kiev, ao menos 90 soldados ucranianos foram feitos prisioneiros e 82 estão desaparecidos em Debaltsev após a tomada da região pelos separatistas.

O exército ucraniano informou que mobilizou forças para buscar os desaparecidos e pediu que os observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) ajudem a localizá-los.

Após a tomada desta localidade, os países ocidentais denunciaram uma operação que poderia arruinar o frágil cessar-fogo e voltaram a acusar Moscou. "A Rússia e os separatistas devem colocar em prática plena e imediatamente os compromissos adquiridos em Minsk", declarou a responsável da diplomacia europeia, Federica Mogherini.

Os Estados Unidos lançaram um chamado similar, mas lembraram que, para eles, o cessar-fogo seguia em vigor.

"Não consideramos que (o cessar-fogo) esteja morto", declarou a porta-voz do departamento de Estado, Jennifer Psaki, após uma conversa telefônica entre o secretário americano de Estado, John Kerry, e seu colega russo, Serguei Lavrov.

As autoridades ucranianas informaram sobre 46 ataques contra suas posições na noite de quarta-feira.

As artilharias dos dois grupos trocaram tiros ao redor do povoado de Piski, controlado pelo exército de Kiev, muito perto de Donetsk.

Um comboio humanitário de três agências da ONU chegará nesta quinta-feira a este reduto separatista, indicaram fontes concordantes.


Os seis veículos que o compõem levam medicamentos, água e produtos de higiene para ajudar uma população que sofre há semanas com apagões e cortes de água.

Trata-se do primeiro comboio humanitário das Nações Unidas que entra no reduto rebelde desde o início de um conflito que deixou mais de 5.500 mortos em 10 meses.

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