Agência France-Presse
postado em 19/02/2015 17:59
Nova York - A banda russa Pussy Riot, cujas integrantes foram presas depois de cantar no Kremlin, lançou sua primeira canção em inglês, mas desta vez o alvo mudou: ao invés do líder russo, Vladimir Putin, elas criticam a brutalidade da polícia americana.O grupo feminista punk, que contou com um considerável apoio nos Estados Unidos durante seu julgamento na Rússia, dedicou a canção a Eric Garner, cuja morte nas mãos da polícia nova-iorquina desencadeou vários protestos.
A canção, intitulada "I Can;t Breathe" (não consigo respirar) faz alusão às últimas palavras de Garner, quando um policial o asfixiou enquanto tentava detê-lo por vender cigarros avulsos não tarifados.
"Está caindo a noite em Nova York (...) Eu preciso recuperar o fôlego", diz o refrão. A guitarra soa como um ruído agressivo e o ícone punk americano Richard Hell recita, repetidamente, as últimas palavras de Garner: "I Can;t Breathe".
As Pussy Riot disseram ver uma ligação entre a morte de Garner, um dos vários homens negros mortos pelas mãos da polícia, e o ímpeto belicista de Putin.
"Esta canção é para Eric e todos aqueles da Rússia e dos Estados Unidos e ao redor do mundo que sofrem com o terrorismo de Estado, assassinados, asfixados, desaparecidos devido à guerra e à violência financiada pelo Estado em todas as suas formas", escreveu o Pussy Riot em uma mensagem sobre o tema.
O vídeo que acompanha a canção não economiza em alusões sobre a política russa. Nele, as Pussy Riot - um dueto formato pelas ex-detentas Maria Alyokhina e Nadezhda Tolokonnikova - aparecem sendo enterradas vivas, vestindo uniformes da polícia russa.
Também há alusões ao conflito na Ucrânia, ao mostrar um maço de cigarros "Russian Spring" (primavera russa) no chão que faz alusão "às agressivas ações militares da Rússia na Ucrânia".
As Pussy Riot ficaram famosas por interpretar uma "oração punk" contra Vladimir Putin, em fevereiro de 2012, em uma catedral moscovita. Por este ato, as jovens cumpriram 21 meses de prisão.