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Hollande e Merkel apelam por aplicação de acordos na Ucrânia

O cessar-fogo acordado entre os dois ocidentais, Rússia e a Ucrânia no dia 12 de fevereiro já foi violado várias vezes

Agência France-Presse
postado em 20/02/2015 16:14
O presidente francês, François Hollande, e a chanceler alemã, Angela Merkel, reafirmaram nesta sexta-feira (20/02) que querem a aplicação integral de todos os acordos de Minsk, três dias após a tomada pelos separatistas da cidade de Debaltseve, completamente devastada.

Hollande, que recebeu em Paris a chanceler alemã, declarou que "o cessar-fogo foi violado várias vezes, e agora devem ser respeitados integralmente em toda a linha de frente", dias após o abandono precipitado deste enclave estratégico do leste separatista pelo exército ucraniano.

Merkel também afirmou que "o objetivo é que os acordos de Minsk sejam aplicados e traduzidos em fatos" para "que se faça tudo o que for necessário para que o derramamento de sangue não continue".

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Os chefes da diplomacia francesa, alemã, russa e ucraniana devem se reunir na terça-feira em Paris para discutir o conflito na Ucrânia, de acordo com o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius.

Com suas casas destruídas e ruas cheias de veículos queimados, Debaltseve oferecia nesta sexta-feira um espetáculo desolador. Praticamente todas as janelas deste que era um importante entroncamento ferroviário de 25.000 habitantes foram estilhaçadas pelos bombardeios diários das últimas semanas, de acordo com um jornalista da AFP no local.

Enquanto os combatentes separatistas comemoram esta importante vitória militar, que permite ligar as duas "capitais" separatistas de Donetsk e Lugansk, os civis que permaneceram em Debaltseve lamentam perdas amargas.

"Eles bombardearam todos os bairros, um após o outro, para fazer com que as pessoas fugissem", declarou à AFP Tatiana Rechetova, de 60 anos, à espera de uma hipotética distribuição de pão.

No porão da prefeitura da cidade, vinte mulheres abatidas e famintas vivem, algumas há vários meses, em meio a um amontoado de lixo e colchões improvisados.

"Vocês não nos defenderam", gritou uma delas, falando aos ocidentais.

Vinte tanques russos entram na Ucrânia

Nesta localização estratégica, o exército ucraniano admitiu ter sofrido pesadas perdas. Pelo menos 13 soldados foram mortos, 157 feridos e 31 estão desaparecidos. Além disso, mais 110 soldados foram capturados na batalha pela cidade.

Os rebeldes, que controlam integralmente a cidade, asseguraram ter descoberto os corpos de 57 soldados ucranianos. Depois da retirada precipitada das tropas ucranianas de Debaltseve, os pró-russos buscam agora apoiar-se em suas vitórias militares para ditar o calendário.

Neste contexto, os separatistas anunciaram a intenção de trocar prisioneiros com Kiev.

"Uma troca de prisioneiros com a Ucrânia acontecerá no sábado", declarou uma porta-voz pró-russa de Direitos Humanos, Daria Morozova, falando à agência de notícias russa Interfax.

Kiev não confirmou o intercâmbio, que faz parte da série de medidas incluídas nos acordos de Minsk 2, assinados em 12 de fevereiro, e que implicavam também um cessar-fogo, que foi violado em várias ocasiões desde sua entrada em vigor em 15 de fevereiro.

Dois soldados ucranianos morreram e três ficaram feridos nas últimas 24 horas, segundo o porta-voz militar Vladislav Seleznev. Enquanto isso, um outro porta-voz anunciou que os combates prosseguem nas regiões de Donetsk e de Mariupol, importante porto industrial no sudeste do país.

Vinte tanques russos cruzaram a fronteira russo-ucraniana em Novoazovsk, no extremo sul da linha de frente, segundo anunciou o porta-voz Andrii Lysenko.

No reduto rebelde de Donetsk, um civil foi morto em um bombardeio, de acordo com a administração separatista da cidade. Dentro do exército e da sociedade ucraniana, as vozes se levantam para criticar o Estado Maior, acusado de ser incompetente.

Em Artemvisk, cidade 35 km ao norte de Debaltseve para a qual as tropas se reagruparam, uma autoridade regional pró-Kiev declarou à AFP que a maioria dos soldados se recusam a voltar para a frente de combate.

Novo balanço

O porta-voz do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, Rupert Colville, disse nesta sexta-feira estar "profundamente preocupado com o sofrimento dos civis, prisioneiros e feridos" na região de Debaltseve.

O balanço mais recente do conflito é de 5.692 mortos desde abril de 2014, indicou, acrescentando que esta avaliação poderia ser "significativamente superior".

Na quinta-feira, o presidente ucraniano Petro Poroshenko apelou pelo envio de uma força de manutenção da paz no leste da Ucrânia, principalmente para controlar a fronteira russo-ucraniana, por onde entram armas e militares russos.

Mas o apelo de Poroshenko parece ter sido ignorado, apesar de uma conversa telefônica com Hollande, Merkel e Vladimir Putin na quinta-feira.

Apesar das violações do acordo de cessar-fogo em Debaltseve, os quatro líderes só concordaram em "aplicar com rigor todas as medidas aprovadas em 12 de fevereiro em Minsk", segundo um comunicado do Kremlin.

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