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Ocidente intensifica advertências para manter trégua na Ucrânia

A cidade de Kharkiv foi cenário nos últimos meses de uma dezena de explosões, consideradas "atentados terroristas" e que deixaram vários feridos

Agência France-Presse
postado em 22/02/2015 18:26
Os países incentivadores do cessar-fogo na Ucrânia intensificaram as advertências para que a trégua seja respeitada, após os combates no porto de Mariupol e depois da morte de duas pessoas, neste domingo, em uma explosão durante uma marcha para comemorar a saída do ex-presidente Viktor Yanukovich.

A explosão em Kharkiv, a 200 km da zona de combate com os rebeldes pró-Moscou, aconteceu durante a "marcha pela dignidade", que celebra o aniversário de um ano da queda do ex-presidente Viktor Yanukovich, que deixou o poder após uma revolta popular liderada pelo movimento pró-Ocidente.

O procurador Yuri Danilchenko informou à imprensa que uma das vítimas fatais era um policial. Onze pessoas ficaram feridas, incluindo quatro policiais. A polícia considera que a ação foi um "atentado terrorista", informou o ministério do Interior em um comunicado.

O artefato explosivo, que estava em uma bolsa de plástico escondida entre a neve na avenida Jukov, continha pedaços de metal, segundo o procurador, que acredita em uma ativação por controle remoto. O atentado aconteceu em frente a um veículo estacionado na avenida Jukov, perto do palácio dos esportes da cidade, segundo testemunhas.

"Pensei que fosse uma bomba de efeito moral, mas as pessoas começaram a cair", disse à AFP Igor Rasoja, um dos organizadores da marcha. Muitos moradores consideraram o ataque como uma tentativa de intimidação.

A "marcha pela dignidade" aconteceu em várias localidades do país para marcar o primeiro aniversário de Maidan, a revolta pró-Ocidente que provocou a queda do presidente pró-Rússia Viktor Yanukovich.

A cidade de Kharkiv foi cenário nos últimos meses de uma dezena de explosões, consideradas "atentados terroristas" e que deixaram vários feridos. Ao mesmo tempo, a tensão crescia na cidade portuária de Mariupol, depois que Kiev afirmou que 20 tanques russos estavam na localidade.

"Uma ofensiva em Mariupol seria uma ruptura clara dos acordos", disse o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, em entrevista ao jornal Bild.

Ceticismo sobre a trégua

O ataque deste domingo aconteceu no momento em que o exército da Ucrânia e os rebeldes separatistas tentam salvar a trégua estabelecida, após a troca de prisioneiros no sábado, em meio a acusações dos dois lados.

Segundo os rebeldes, a retirada das armas pesadas poderia começar na terça-feira, após dois dias de preparação, mas Kiev insistiu no início imediato da operação.

Mas a contínua violação do cessar-fogo, que entrou em vigor na semana passada, sobretudo depois que os rebeldes assumiram o controle da cidade estratégica de Debaltseve, no leste da Ucrânia, evidencia os temores sobre o cumprimento da trégua.

Os acordos assinados na capital de Belarus, com a participação de Ucrânia, Rússia, Alemanha e França, previam um cessar-fogo total, a retirada das armas pesadas da frente de batalha, a libertação de prisioneiros e negociações para uma autonomia maior das regiões separatistas.
Fortalecimento das sanções

O secretário de Estado francês de Assuntos Europeus, Harlem Desir, que assistiu em Kiev a uma das manifestações comemorativas pela saída de Yanokovich, disse que "o cessar-fogo deve ser respeitado a termo".

Ao contrário, afirmou que as sanções contra a Rússia, a quem o Ocidente acusa de sustentar os rebeldes, vão se manter "i inclusive poderiam se fortalecer".

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, começará "consultas na segunda-feira para aumentar as medidas para responder" à agressão na Ucrânia, noticiou a agência Interfax ucraniana.

Estados Unidos e Reino Unido examinam impor sanções adicionais à Rússia, que acusam de apoiar os separatistas, afirmou no sábado o secretário de Estado americano, John Kerry.

Apesar de Moscou negar uma intervenção na Ucrânia, União Europeia e Estados Unidos adotaram uma série de sanções econômicas em represália ao suposto apoio russo aos separatistas. As medidas abalaram ainda mais a economia russa, já afetada pela queda do preço do petróleo.

Neste domingo, as duas partes anunciaram ter chegado a um acordo para retirar as armas pesadas da linha de frente, mas até mesmo a implementação desta medida gerou controvérsia.



Os rebeldes disseram que podem começar na terça-feira, após dois dias de preparo, enquanto Kiev insiste em que se supunha que a retirada deveria começar, sem atrasos, neste domingo.

Os acordos assinados na capital bielo-russa, com a participação de Ucrânia, Rússia, Alemanha e França, previam um cessar-fogo total, a retirada das armas pesadas da linha de frente, a libertação de prisioneiros e negociações para uma autonomia maior das regiões separatistas.

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