Agência France-Presse
postado em 23/02/2015 19:04
Opositores venezuelanos pediram nesta segunda-feira à Organização de Estados Americanos (OEA) para convocar uma reunião para discutir a "gravidade" da situação dos direitos humanos na Venezuela, após a prisão do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma.Em uma carta, líderes da oposição venezuelana pediram ao secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, para discutir no Conselho Permanente da entidade a situação da Venezuela, mergulhada em uma severa crise político-econômica.
Os dirigentes argumentaram que a detenção de Ledezma e a morte de cinco estudantes em estranhas circunstâncias revelam a "gravidade" da situação venezuelana e seu "impacto no regime democrático".
Com cartazes que diziam "Onde está, OEA?" e "Libertem Ledezma", uns cinquenta manifestantes, acompanhados do líder do opositor Vontade Popular, Carlos Vecchio, entregaram o documento na sede da OEA, em Washington.
Os opositores esperam que a OEA, que reúne 34 dos 35 países da região (Cuba não participa ativamente) conclua que o governo da Venezuela "se afaste dos princípios democráticos", disse Vecchio, que vive exilado nos Estados Unidos.
O apelo da OEA ocorre quase um ano depois de o Conselho Permanente da organização regional declinar uma discussão sobre a crise política na Venezuela, gerada no âmbito dos protestos antigovernamentais que deixaram 43 mortos no começo de 2014.
Ledezma, prefeito de Caracas e um dos principais líderes da ala radical da oposição ao presidente Nicolás Maduro, foi acusado de conspiração e está detido em uma prisão militar.
Sua detenção se soma a de outras 60 pessoas que ainda estão encarceradas na Venezuela, incluindo o ex-prefeito opositor Leopoldo López (do mesmo partido de Vecchio), pelos protestos antigovernamentais.
"Todas estas ações violam o estado de direito na Venezuela e o estabelecido na Carta da OEA, a Carta Democrática Interamericana e a Declaração Interamericana de Direitos Humanos", destacaram os opositores na missiva.
A Venezuela anda por "caminhos cada vez mais próximos do autoritarismo e do totalitarismo", acrescentaram. O Centro Robert Kennedy para os Direitos Humanos também denunciou a prisão de Ledezma e López.
"Estou indignada pelo tratamento dado a Antonio Ledezma, Leopoldo López e outros líderes opositores pacíficos na Venezuela", disse a presidente do centro, Kerry Kennedy, pedindo a Maduro sua libertação "imediata".