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Para negociador do governo, Farc mantêm extorsões e tráfico na Colômbia

A guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, comunistas) decidiram um histórico cessar-fogo unilateral por tempo indeterminado

Agência France-Presse
postado em 24/02/2015 17:55
O chefe negociador do governo da Colômbia nos diálogos de paz com as FARC, Humberto de la Calle, lamentou nesta terça-feira que a guerrilha continue praticando extorsões e narcotráfico, apesar da trégua unilateral, e criticou a falta de reconhecimento de suas vítimas.

A guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, comunistas), que negociam em Cuba há dois anos com o governo um acordo para finalizar os 50 anos de conflito armado, decidiram um histórico cessar-fogo unilateral por tempo indeterminado a partir de 20 de dezembro de 2014, mas, segundo De la Calle, outros tipos de ataque persistem.

"Cumpriram com o cessar-fogo e com o que se relaciona aos combates militares e ao cuidado da infraestrutura. Contudo, seguem outras hostilidades que afetam a população. Há extorsões, há combinação com elementos próximos ao narcotráfico, isso não terminou", afirmou.

Durante o fórum "Ideias para que a Colômbia alcance a paz", organizado pela Universidade do Rosário e pelo jornal El Tiempo, De la Calle questionou a articulação midiática de chefes guerrilheiros, os quais, disse, não admitiram nem suas ações, nem suas vítimas.

"Tenho uma crítica veemente para as Farc. Parece-me que suas intervenções têm estado cheias de distorções, de desculpas, e o que nós, colombianos, queremos é um reconhecimento categórico de suas vítimas e das ações que cometeram", afirmou o delegado do governo do presidente Juan Manuel Santos.

Já o chefe da delegação de paz das Farc em Havana, Iván Márquez, não demorou em responder as acusações via Twitter: "Em sua análise no fórum organizado pelo El Tiempo e pela Universidade do Rosário, De La Calle olha a realidade do conflito com olhos de juiz e parte".

"As distorções e desculpas não ajudam no avanço do processo. O que o contém é o emaranhado jurídico no campo da paz", completou.

De La Calle descartou um cessar-fogo bilateral provisório, porque na Colômbia "as fontes de violência e de inseguranças são muitas, e não são só as Farc".

"Teremos que chegar ao cessar-fogo bilateral e definitivo, esse é o propósito das reuniões em Havana, mas não um cessar-fogo provisório", afirmou.

De La Calle, que viaja nesta terça-feira para Havana para liderar o ciclo de 33 reuniões que começa na quarta-feira, apreciou o apoio ao processo de paz de líderes internacionais, como o ex-secretário geral da ONU Kofi Annan e o Nobel da Paz Oscar Arias, assim como a recente designação do enviado especial da Casa Branca aos diálogos, Bernie Aronson.

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