Agência France-Presse
postado em 25/02/2015 17:28
Bruxelas, Bélgica - A Comissão Europeia propôs nesta quarta-feira uma estratégia para reduzir a dependência energética do bloco, assim como o enorme custo das importações, que ultrapassam 400 bilhões de euros por ano.A proposta da Comissão chega em um momento em que a Rússia ameaça, mais uma vez, com o corte do fornecimento de gás à Ucrânia, por onde passam 15% das importações do bloco.
Com suas propostas desta quarta, a Comissão busca apresentar ao bloco uma oferta segura a um preço acessível e competitivo, além de ambientalmente sustentável, "deixando para trás uma economia baseada nas energias fósseis".
Para isso, pretende criar uma União Energética através da integração do mercado de energia, que inclui melhorar as interconexões elétricas e de trânsito entre seus membros, acentuar a eficiência no consumo e, além disso, diversificar as fontes de abastecimento para reduzir a dependência de poucos fornecedores.
"Hoje lançamos o projeto energético europeu mais ambicioso desde a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA)", disse em coletiva de imprensa Maros Sefcovic, vice-presidente da Comissão, citando o tratado de 1951, primeira etapa da integração europeia. "A UE paga 1 bilhão de euros para comprar combustíveis fósseis (petróleo e gás)", afirmou o comissário de Energia e Clima, Miguel Arias Cañete."Fixamos a meta de criar um mercado da energia integrado, conectado e seguro na Europa. Vamos torná-la realidade", acrescentou.
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Em 2014 a UE importou 53% de seu consumo de gás e petróleo, por 400 bilhões de euros.
A UE importa mais da metade de suas necessidades energéticas; 75% do parque habitacional não respeita as normas de eficiência e 94% do setor de transporte utiliza gasolina, a maioria (90%) importada, indica o executivo europeu.
Os preços da eletricidade são cerca de 30% mais altos que nos Estados Unidos enquanto que os de gás estão mais do que o dobro, o que coloca o bloco em desvantagem.
Segundo a Comissão, essa "transformação fundamental do sistema energético europeu" precisará de investimentos de até 1 trilhão de euros para 2020.
Em sua proposta, a Comissão enumerou cinco objetivos. O que ocupa o primeiro lugar é o da "segurança energética"."Os desafios políticos dos últimos meses mostram que a diversificação de fontes, fornecedores e trajetos de energia é importante para garantir um abastecimento seguro", diz a Comissão.
A Rússia provê 39% das necessidades de gás da UE, a metade passa pela Ucrânia. E 12 países do bloco dependem em pelo menos em 75% de seu consumo de gás que compram a Rússia.
Entretanto, não se trata de suspender as compras da Rússia. Ainda que o bloco tente diversificar seus fornecedores, a dependência do gás russo dificilmente será reduzida."A Rússia continuará sendo um parceiro da UE e um grande fornecedor", afirmou Cañete durante a coletiva de imprensa.