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Grécia respira aliviada, mas desafios continuam

Europa aceitou os pedidos do governo de Tsipras de estender assistência financeira ao país em crise por mais quatro meses

Após um alívio de quatro meses, o governo grego deverá se esforçar para manter suas promessas, não só com os eleitores, como também com seus parceiros europeus, enquanto um terceiro plano de resgate parece cada dia mais provável.

Na terça-feira (24/02), a zona do euro aceitou estender até o final de junho o programa de assistência financeira que mantém a Grécia a salvo da bancarrota. Em troca, o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, se comprometeu a implementar várias reformas sem renegar suas medidas anti-austeridade.

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O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, alertou sobre "o pior", em declarações publicadas nesta quarta-feira, na última edição do semanário francês Charlie Hebdo.

"Se os governos pró-europeus e democráticos, como o que eu pertenço, forem asfixiados e o povo for empurrado à desesperança, os únicos beneficiados desta situação serão os fanáticos, os racistas, os nacionalistas", afirmou. Um dia após o acordo com a zona do euro, os problemas voltaram à tona. Para começar, a Grécia se pergunta como encarar os vencimentos da dívida nas próximas semanas.

Os empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) vencem em março e os europeus não devem desbloquear os recursos antes de abril, quando os avanços nas reformas de Atenas serão avaliadas. "Não será entregue um só euro à Grécia antes de seus compromissos serem cumprido", disse o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Sch;uble.

Outra grande dúvida é se será realmente possível realizar o ambicioso programa do executivo grego, que aposta na luta contra a fraude e a corrupção e pela reforma do aparato estatal.

"Ainda há muito trabalho a ser feito", ressaltou a chefe de governo alemã, Angela Merkel.

"O governo avançará muito rápido para concretizar as reformas", garantiu Tsipras durante uma reunião do grupo parlamentar de seu partido Syriza, em que reafirmou sua disposição para "todas as rupturas necessárias" com as antigas práticas.

Em direção a um terceiro resgate?

Com o objetivo de tranquilizar o eleitorado do Syriza, o porta-voz do governo, Gabriel Sakellaridis, apontou em entrevista o caráter "geral" dos compromissos adotados, que outorga "margens" de atuação ao executivo grego.

O Syriza centrou sua campanha eleitoral na promessa de liberar a Grécia da tutela dos credores internacionais, que exigiram duras reformas a Atenas em troca do empréstimo de 240 bilhões de euros desde 2010.

No entanto, o primeiro-ministro, que mantém sua popularidade, teve que recuar em vários pontos de seu programa, entre eles, o aumento do salário mínimo, que ainda não tem previsão de aumento.

A pergunta que surge agora é como será o "novo contrato" da Grécia com seus parceiros após a extensão até junho.

Varoufakis quer negociar uma reestruturação da dívida, que nesse momento ultrapassa 320 bilhões de euros (175% do PIB grego).

Citando fontes próximas a Berlim, o jornal alemão Rheinische Post apontou uma quantia de 20 bilhões de euros para um eventual terceiro resgate

Para Atenas, seria um duro revés submeter-se novamente a medidas draconianas impostas por Bruxelas, quando os programas anteriores de ajuda (2010 e 2012), transformaram a Grécia em uma "colônia da dívida" e roubaram a "dignidade" dos gregos, nas palavras do ministro das Finanças, Yanis Varoufakis.

A Grécia prefere uma linha de crédito, mas é pouco provável que ocorra, segundo fontes europeias.

A gigantesca dívida grega (320 bilhões de euros, mais de 175% do PIB), nas mãos de credores internacionais, preocupa um pouco mais. Os sócios de Atenas negaram o perdão de parte da dívida, mas podem consentir uma redução das taxas de juros ou uma ampliação dos prazos de vencimento, sempre e quando estejam satisfeitos com o avanço das reformas.