Agência France-Presse
postado em 25/02/2015 20:01
O governo da Colômbia e a guerrilha das Farc retomaram nesta quarta-feira (25/02) as negociações de paz em Cuba, com uma rodada de discussões sobre as vítimas do conflito armado, durante a qual se espera uma visita inédita de um enviado especial dos Estados Unidos.As duas delegações manterão na quinta-feira (26/02) uma reunião com o ex-secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, e durante esta rodada receberão o novo enviado especial americano para o processo de paz, Bernie Aronson.
Aronson foi designado pelo secretário americano de Estado, John Kerry, que afirmou que foi o o presidente colombiano Juan Manuel Santos quem pediu aos Estados Unidos que assumissem um papel mais direto nas negociações em Havana.
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O nome do enviado foi anunciado na última sexta-feira. Ele já trabalhou como subsecretário de Estado para a América Latina na resolução de conflitos em El Salvador e Nicarágua.
Nesta quarta-feira, em Washington, o secretário de Estado americano, John Kerry, disse a legisladores de seu país que o papel de Aronson será auxiliar nas negociações de paz. "Não estamos na mesa de negociação", enfatizou Kerry, diante da Comissão de Relações Exteriores da Câmara de Representantes.
Após ser nomeado, Aronson disse que não levará para Havana "um plano elaborado em Washington", nem estará presente nas reuniões. Ele elencou as tarefas pelas quais é responsável, como "estimular, persuadir, aproximar e ajudar onde for possível". As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) aprovaram a integração de Aronson nas negociações mediadas por Cuba.
O líder guerrilheiro Pastor Alape comentou em um programa de televisão: "vemos como uma atitude responsável, de muito compromisso, de sensatez, que os Estados Unidos participem nestas negociações, porque consideramos que assim é possível avançar com mais seriedade e segurança".
"Os Estados Unidos não fazem isso todos os dias. Em raras ocasiões, tomam a decisão política de nomear o que chamam de um enviado especial para se envolver em algum conflito", assinalou o presidente colombiano, Juan Manuel Santos.
Grande aliada dos Estados Unidos na América do Sul, a Colômbia vive um conflito interno do qual participaram guerrilhas, paramilitares, forças militares e bandos de narcotraficantes, que deixou mais de 220 mil mortos e 5,3 milhões de deslocados, segundo dados oficiais.
Há sete meses, governo e guerrilha realizam um debate complexo sobre o tema de indenização das vítimas do conflito.
As maiores disputam giram em torno de um projeto de "justiça transicional" do governo, que as Farc rejeitam porque afirmam que visa a levar os guerrilheiros para a prisão assim que o conflito armado de meio século acabar.