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Governo anuncia saída de procurador do caso dos 43 estudantes mexicanos

A investigação do procurador-geral tem sido questionada. Agora ele será novo Secretário de Desenvolvimento Agrário, Territorial e Urbano

Agência France-Presse
postado em 27/02/2015 18:28
Jesús Murillo Karam deixará nesta sexta-feira (27/02) seu posto como procurador-geral do México para passar a liderar a secretaria de Desenvolvimento Agrário e Territorial, em meio a questionamentos sobre a sua investigação do desaparecimento dos 43 estudantes, anunciou a Presidência.

Murillo Karam será nomeado esta tarde o novo secretário de Desenvolvimento Agrário, Territorial e Urbano (Sedatu) na residência presidencial de Los Pinos no lugar de José Carlos Ramírez, informou a Presidência em coletiva de imprensa.

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"É uma decisão do presidente a formação do gabinete", se limitou a dizer à AFP uma fonte da dependência sem querer especificar os motivos da substituição. A reforma da procuradoria-geral mexicana (PGR) até uma procuradoria autônoma, incluída dentro da reforma constitucional política aprovada no ano passado, fez com que a realocação de Karam fosse esperada há meses.

Uma fonte especializada no caso informou à AFP que o presidente Enrique Peña Nieto deve propor ao Senado que a senadora governista Arely Gómez, que na quinta-feira pediu licença para deixar seu cargo e se encarregar da subprocuradoria Jurídica e de Assuntos Internacionais, fique temporariamente encarregada da procuradora-geral.

A gestão de Murillo Karam, que antes havia sido senador, deputado e governador pelo Partido Revolucionário Institucional (PRI, governista), tem sido questionada pelos pais e familiares dos 43 estudantes desparecidos no setembro passado na cidade de Iguala, Guerrero (sul).

Os familiares rejeitam os resultados da investigação oficial que sustenta que os jovens foram entregues por policiais corruptos de Iguala a narcotraficantes dos Guerreros Unidos, que os assassinaram e incineraram, jogando seus restos em um rio supostamente confundidos com integrantes de um cartel rival.

A investigação também foi rejeitada por organizações internacionais, como a Human Rights Watch, que viram com ceticismo as conclusões da investigação do caso baseados em depoimentos de assassinos, "hipóteses e extrapolações dos resultados de uma perícia de laboratório".

Até o momento, só foi possível identificar com exames de DNA restos mortais de um dos estudantes.

A inoportuna frase "já me cansei", que Murillo Karam pronunciou em uma coletiva de imprensa em novembro, na qual informava pela primeira vez sobre o suposto massacre dos estudantes, se transformou em um grito de protesto no México.

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