Agência France-Presse
postado em 05/03/2015 16:11
O promotor argentino Alberto Nisman foi "assassinado", declarou nesta quinta-feira (5/3) sua ex-esposa, uma juíza que representa na justiça como demandante a mãe e as filhas do promotor, que denunciou em janeiro a presidente Cristina Kirchner, ao revelar o resultado de uma investigação paralela."Nisman não sofreu um acidente, não se suicidou, foi morto. Sua morte é um magnicídio [assassinato de pessoa importante] de proporções desconhecidas", disse a juíza federal Sandra Arroyo Salgado, mãe das duas filhas de 8 e 15 anos do promotor encontrado morto com um tiro na cabeça em seu apartamento em 18 de janeiro, poucos dias após denunciar Kirchner por suposto acobertamento de ex-dirigentes iranianos, suspeitos da autoria de um atentado antissemita em 1994, em Buenos Aires.
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A juíza leu as conclusões de um relatório de quase 100 páginas, elaborado pela equipe de peritos legistas a pedido da família. A investigação foi entregue ao expediente da promotoria, que investiga este caso como "morte duvidosa".
"Só podemos concluir que Nisman foi vítima de um homicídio, sem sombra de dúvida", declarou a juíza em uma coletiva de imprensa 46 dias depois da morte do ex-marido, que ainda causa comoção na Argentina.
O relatório também indicou que "o corpo foi mexido", um dado que contradiz a versão da promotora que investiga a morte, Vivian Fein, segundo quem o corpo de Nisman jazia no chão do banheiro do apartamento, obstruindo a porta, e que nenhuma pessoa entrou até a chegada de um juiz e de peritos na noite de sua morte.
Para Arroyo Salgado, "infeliz e irremediavelmente, a autópsia (oficial) levou a conclusões parciais, precipitadas e equivocadas, funcionais para o ou para os homicidas, contribuindo com sua impunidade ou retardando-a na melhor das hipóteses", disse.
Quatro dias antes de morrer, Nisman acusou Kirchner, seu chanceler, Héctor Timerman, e assessores do governo de ter acobertado os iranianos acusados do atentado contra a associação Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA).
O ex-presidente iraniano Ali Rafsanjani é um dos suspeitos do ataque, que deixou 85 mortos e 300 feridos.