Agência France-Presse
postado em 06/03/2015 17:46
Berlim - O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, acusou o BCE de deixar a Grécia "com a corda no pescoço" em um momento em que Atenas precisa urgentemente de liquidez, diante do fantasma da moratória."O Banco Central Europeu (BCE) continua nos pressionando com a corda no pescoço", afirmou Alexis Tsipras em uma entrevista que será publicada no sábado no semanário alemão Der Spiegel.
[SAIBAMAIS]
O primeiro-ministro da Grécia, que precisa urgentemente de fundos de curto prazo para honrar sua dívida, voltou a pedir ao emissor que flexibilize as condições para o país, depois de o BCE ter se negado nesta semana a elevar o limite de emissão de títulos da Grécia.
Na entrevista, Tsipras confirmou sua intenção de emitir títulos para conseguir liquidez, apesar de o país já ter alcançado o limite imposto pela união monetária e pelos credores.
Segundo Tsipras, se o BCE não aceitar essa possibilidade, "teremos que voltar a viver o ;thriller; de antes do dia 20 de fevereiro", data em que o país acordou com seus parceiros da zona do euro uma extensão de quatro meses da ajuda recebida.
O BCE, que junto com a Comissão Europeia (CE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) participa no resgate financeiro da Grécia desde 2010, impõe em troca um programa de reformas que impõem medidas austeras à Grécia.
Vários pagamentos em março
O primeiro-ministro, que prometeu durante a campanha eleitoral lutar contra as duras políticas de austeridade impostas ao país, criticou que uma decisão tão importante seja tomada por "tecnocratas".
A Grécia, que recebeu dois resgates internacionais no valor de 240 bilhões de euros (cerca de 265,2 bilhões de dólares) desde 2010, pode ser incapaz de pagar os próximos vencimentos de sua dívida, que ultrapassam 6 bilhões de euros neste mês.
Na próxima semana, Tsipras deve viajar a Paris, para uma reunião no dia 12 de março da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e também tem viagem programada para Bruxelas, onde se reunirá com o presidente da CE, Jean-Claude Juncker. De acordo com as autoridades gregas, esta reunião discutirá como os fundos comunitários serão usados para enfrentar a crise humanitária e o desemprego que afeta o país.
Nesta semana o presidente do BCE, Mario Draghi, se mostrou firme com a Grécia na coletiva de imprensa sobre política monetária do bloco.
"A última coisa que se pode dizer é que o BCE não ajuda a Grécia", afirmou, reiterando que o emissor europeu tem regras.