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ONU prepara retirada progressiva de soldados que estão em Darfur

Uma primeira rodada de debates com o governo sudanês sobre a saída da Minuad ocorreu em 19 de fevereiro, e novos encontros são previstos para março

Agência France-Presse
postado em 06/03/2015 19:37
A ONU desenvolverá nas próximas semanas as diretrizes para preparar a retirada progressiva de seus soldados, conhecidos como capacetes azuis, da força conjunta ONU-União Africana em Darfur (Minuad), segundo informe divulgado nesta sexta-feira.

A pedido de autoridades sudanesas, a Minuad é alvo de pressões crescentes para que se retire, tanto que têm piorado as relações com o governo sediado em Cartum.

Uma primeira rodada de debates com o governo sudanês sobre a saída da Minuad ocorreu em 19 de fevereiro, e novos encontros são previstos para março.

O informe especial do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, recomenda "a criação, de hoje até abril de 2015, de uma diretriz que defina a estratégia de retirada".

O objetivo, como explicado no texto, é "desenvolver uma estratégia de saída que permita a transferência progressiva de tarefas da Minuad ao governo sudanês e a uma equipe da ONU mais reduzida que ficará baseada no Sudão". Os resultados deste estudo serão submetidos à União Africana e ao Conselho de Segurança da ONU.

No entanto, o informe destaca as dificuldades dessa transferência, que "certamente, colocaria problemas fundamentais em termos de financiamento, segurança e recursos humanos".

O relatório também pontua que "nos últimos doze meses, a situação política e de segurança não fez progressos efetivos no sentido de um acordo global para o conflito em Darfur". Além disso, o documento faz referência a um aumento da criminalidade, que por sua vez ameaça a população local e o pessoal a serviço da ONU e Minuad.

"Tendo em vista esta situação, as três prioridades da Minuad são essenciais", de acordo com o informe. A menção se deve à proteção de civis, segurança a quem oferece ajuda humanitária e o apoio ao processo político.

No último sábado, a Minuad anunciou a supressão de 770 empregos civis.

Presente desde 2007 e composta por 15 mil policiais e militares, além de 4 mil civis, a Minuad é uma das missões mais importantes para a manutenção da paz no mundo.

As tensões entre Cartum e Minuad surgiram em razão de uma demanda da ONU de investigar as acusações de violações atribuídas a militares sudaneses em Darfur, em outubro de 2015.

Segundo a ONU, pelo menos 300 mil pessoas morreram e 2,5 milhões fugiram da violência em Darfur, desde 2003. O presidente sudanês Omar al Bashir foi intimado pela Corte Penal Internacional (CPI) a responder por crimes contra a humanidade cometidos na região.

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