Mundo

Duas crianças e um soldado mortos em ataque contra campo da ONU no Mali

No início de março, o governo do Mali e alguns grupos rebeldes assinaram um acordo de paz e reconciliação para acabar com a violência

Agência France-Presse
postado em 08/03/2015 10:36
Duas crianças e um ;capacete azul; morreram neste domingo em Kidal, no norte do Mali, em um ataque com foguetes contra o campo da Minusma, informou a missão da ONU no Mali. "Por volta das 05h40 (02h40 no horário de Brasília) o campo da Minusma em Kidal foi alvo de mais de trinta disparos de foguetes", e as forças da ONU responderam, indica um comunicado da missão.

Segundo um oficial da ONU, "um soldado da Minusma morreu e oito ficaram feridos", além de duas crianças mortas e outros três adultos feridos entre a população civil fora do campo militar. "Este ataque ocorre enquanto em Argel as negociações avançam para um acordo de paz", acrescentou a força da ONU.

Leia mais notícias em Mundo

No início de março, o governo do Mali e alguns grupos rebeldes assinaram um acordo de paz e reconciliação para acabar com a violência. Outros rebeldes se reagruparam na Coordenação dos Movimentos de Azawad, que inclui o Movimento Nacional para a Libertação do Azawad (MNLA), e pediram um período de reflexão para decidir se vão aderir ao acordo.

"Alguns foguetes caíram em uma área a 3 km do campo da Minusma. Ao menos dois civis morreram", declarou, por sua vez, uma fonte da segurança de Kidal. As crianças mortas pertenciam à tribo Kunta, uma comunidade árabe nômade das regiões desérticas do Mali, Argélia, Mauritânia e Níger, segundo a fonte.

Pouco antes, uma autoridade de Kidal e uma fonte da Minusma havia indicado que o ataque não tinha causado vítimas. Em Kidal, reduto da rebelião tuaregue no Mali, operam vários grupos armados, incluindo a Al-Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI).


;Vingar o profeta;

O ataque ocorre depois de um atentado no sábado contra um bar restaurante em Bamako, que matou cinco pessoas, incluindo um belga, um francês e três malineses, e que foi reivindicado pelo grupo jihadista Al-Murabitun. Ainda não há informações sobre os autores dos disparos contra o campo da Minusma. A Minusma, que conta com cerca de 10.000 militares e policiais no país, anunciou no sábado ter "colocado a disposição das autoridades investigadores e especialistas" para encontrar os culpados do ataque na capital.

A Missão Multidimensional Integrada de Estabilização das Nações Unidas no Mali (Minusma) foi criada em 25 de Abril de 2013, pelo Conselho de Segurança da ONU. No final de 2014, a Minusma contava com 10.375 pessoas, das quais 8.311 soldados e 1.010 policiais, principalmente de países africanos que fazem fronteira com o Mali, incluindo Chade e Nigéria.

Em Bamako, a segurança foi reforçado, e numerosos policiais equipados com coletes à prova de balas patrulhavam as ruas, segundo um jornalista da AFP. Uma fonte da polícia disse ter encontrado "indícios no veículo usado para transportar o autor dos crimes cometidos em Bamako", sem dar mais detalhes.

Em sau reivindicação, Al-Murabitun declarou que queria vingar o "profeta diante do ímpio Ocidente que insultou e zombou dele", referindo-se às caricaturas da revista satírica francesa Charlie Hebdo, e a morte de um de seus líderes, Ahmed al-Tilemsi, morto pelo exército francês, em dezembro, no norte.

O primeiro-ministro malinense, Modibo Keita, que visitou no sábado com o presidente Ibrahim Boubacar Keita o local do ataque, orientou os moradores a tomar precauções. "Nós devemos permanecer vigilantes, as pessoas devem identificar atos suspeitos", disse.

Em 2012, o norte do Mali caiu sob o poder de grupos jihadistas ligados à Al-Qaeda. A operação Serval, liderada pela França a partir de janeiro de 2013, conseguiu expulsar algumas dessas organizações dos territórios que haviam conquistado. Em agosto de 2014, a operação Serval foi substituída pela Barkhane, cujo alcance se estende a toda a faixa Sahel-Saharan. Contudo, vastos territórios do Mali ainda fogem ao controle do governo central.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação