Agência France-Presse
postado em 09/03/2015 07:09
Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos - O avião Solar Impulse 2, que funciona exclusivamente com energia solar, iniciou nesta segunda-feira (9/3) em Abu Dhabi uma volta ao mundo sem precedentes, na qual promoverá o uso das energias renováveis e testará a resistência dos pilotos."Começou a aventura", declarou o piloto suíço Bertrand Piccard após a decolagem do avião, comandado na primeira etapa por seu compatriota André Borschberg.
A aeronave revolucionária, que não utiliza nenhum combustível, decolou às 7h12 locais (0h12 de Brasília), antes do nascer do sol, no pequeno aeroporto de Al Bateen, na capital dos Emirados Árabes Unidos. O Solar Impulse 2 segue rumo ao leste e sua primeira escala é Mascate, capital do sultanato de Omã, onde deve pousar no fim do dia. O trajeto de quase 400 km deve durar 12 horas.
Após seis horas de voo, o Solar Impulse 2 sobrevoava o Mar de Omã e já havia percorrido 65% do trajeto. Mas o avião de acompanhamento, que supervisiona a missão, estava parado em Abu Dhabi por dificuldades técnicas, informou a missão.
O piloto conversou com a imprensa e ligou para esposa, segundo o site da missão. "O desafio a seguir é real para mim e para a aeronave", disse o piloto de 63 anos pouco antes da decolagem. "É um desafio humano", destacou.
O início da missão, previsto para sábado, foi adiado pelos fortes ventos na região de Abu Dhabi durante o fim de semana. Vestidos com uniformes de cor laranja, os dois pilotos, Borschberg e Piccard, fizeram as últimas inspeções durante a noite. Borschberg entrou na cabine do avião sob os aplausos de toda a equipe.
- 13 anos de trabalho -
A volta ao mundo em 12 etapas é o resultado de 13 anos de pesquisas de Borschberg e Piccard, que além da façanha científica querem transmitir uma mensagem política.
"Queremos compartilhar nossa visão de um futuro limpo", declarou Piccard, para quem esta missão deve contribuir para a luta contra o aquecimento global.
"A mudança climática oferece uma fantástica oportunidade para levar ao mercado novas tecnologias verdes, que ajudarão a preservar os recursos naturais de nosso planeta, criar postos de trabalho e sustentar o crescimento econômico", disse.
A ideia de voar apenas com energia solar foi, a princípio, motivo de piada na indústria aeronáutica. Piccard, descendente de uma dinastia de cientistas-aventureiros suíços, deu a primeira volta ao mundo em um balão sem escala em 1999.
A aeronave está coberta com mais 17.000 células solares que cobrem asas de 72 metros e alimentam seus quatro motores elétricos de hélice. Mas o SI2, concebido em fibra de carbono, não pesa mais de 2,5 toneladas, tanto quanto um jipe com tração nas quatro rodas, menos de 1% do peso do Airbus A380.
No total, o avião percorrerá 35.000 km a uma velocidade relativamente modesta (entre 50 e 100 km/h) e sobrevoará dois oceanos, Pacífico e Atlântico. A viagem, a 8.500 metros de altitude no máximo, vai durar cinco meses, sendo 25 dias de voo efetivo.
Depois de Omã, os destinos seguintes serão Índia e Mianmar, antes da etapa mais longa do trajeto: cinco dias consecutivos de voo para apenas um piloto, que seguirá de Nankin, na China, para o arquipélago americano do Havaí, no Pacífico.
O público pode acompanhar a missão, com imagens da cabine e do centro de controle em Mônaco, no site solarimpulse.com. Um total de 130 pessoas participam na aventura: 65 acompanharão os pilotos ao redor do mundo (para apoio logístico) e 65 permanecerão em Mônaco, no centro de controle da missão (meteorologistas, controladores aéreos e engenheiros).
O Solar Impulse 2 é o sucessor do primeiro protótipo, o Solar Impulse 1, que permitiu aos criadores realizar vários voos de longa duração na Europa e Marrocos. Também atravessaram os Estados Unidos em 2013, com várias escalas, em um avião do mesmo tipo.