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Washington acusa Moscou de impor 'reino do terror' na Crimeia e Ucrânia

As declarações dos Estados Unidos e de Londres coincidem com os preparativos da Otan para importantes exercícios militares nos países bálticos

Agência France-Presse
postado em 10/03/2015 14:32

Kiev - Os Estados Unidos acusaram nesta terça-feira a Rússia de impor um "reino de terror" na Crimeia e no leste separatista pró-russo da Ucrânia, apesar do anúncio do presidente Petro Poroshenko da retirada de grande parte das armas pesadas ao longo da linha de frente.

"Mesmo a Ucrânia construindo uma nação pacífica, democrática e independente em 93% de seu território, a Crimeia e o leste da Ucrânia estão sob o controle de um reino de terror", criticou a secretária de Estado Adjunto para a Europa, Victoria Nuland, diante de uma comissão do Senado.

Ela também denunciou no leste um "conflito fabricado, controlado pelo Kremlin, alimentado por tanques e armas pesadas russas, financiado pelos contribuintes russos".

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"Isso custou a vida de mais de 6.000 ucranianos, mas também de centenas de jovens russos enviados pelo Kremlin para lutar e morrer, em uma guerra que o seu governo nega", ressaltou Nuland, que já afirmou na semana passada que milhares de soldados russos estão na Ucrânia para apoiar os rebeldes pró-russos.Os países ocidentais e o governo ucraniano acusam a Rússia de apoiar militarmente os separatistas, o que Moscou nega.

As declarações de Nuland se seguem a um discurso austero do ministro das Relações Exteriores britânico, Philip Hammond, que acusou mais cedo durante o dia o presidente russo de "violar" as regras que permitiram estabelecer a paz na Europa. A Rússia "tem o potencial de criar a maior ameaça a nossa segurança", acrescentou.


Na Ucrânia, o presidente Poroshenko afirmou que o cessar-fogo em vigor desde 15 de janeiro tem sido respeitado globalmente, apesar de confrontos esporádicos.

"Ao longo dos 485 km da linha de frente, não foram registrados disparos de artilharia, com exceção de algumas localidades. Em contrapartida, foram utilizadas armas de fogo e granadas" com maior frequência, declarou o presidente à televisão.

"A parte ucraniana retirou a maior parte de seus sistemas de lançamento de foguetes e de artilharia pesada", em conformidade com os acordos de Minsk, declarou o presidente na segunda-feira à televisão pública ucraniana.


3.000 soldados americanos nos países bálticos

As declarações dos Estados Unidos e de Londres coincidem com os preparativos da Otan para importantes exercícios militares nos países bálticos.

A Otan anunciou na segunda-feira que os Estados Unidos começaram a implantar um contingente de 3.000 soldados, que permanecerá durante três meses nos países bálticos, cujos governos estão preocupados com o papel da Rússia na crise ucraniana, especialmente se tratando da Letônia, Lituânia e Estônia, bem como a Ucrânia, todas ex-repúblicas soviéticas.

Esta mobilização faz parte da operação "Atlantic Resolve", iniciada pelos americanos na Otan para assegurar os países membros e aliados da Aliança que temem uma agressão russa.

Apesar dos sinais de estabilização no leste, a tensão permanece forte num conflito que já deixou mais de 6.000 mortos, a maioria civis, em 11 meses.

De acordo com o líder ucraniano, 64 soldados ucranianos morreram desde 15 de fevereiro, apesar do cessar-fogo, que faz parte dos acordos de paz assinados em 12 de abril, em Minsk, após a mediação da Alemanha, França e Rússia.

Na segunda-feira, depois de vários dias de relativa calma, Kiev acusou os separatistas pró-russos de lançar um ataque com armas pesadas perto do porto estratégico de Mariupol, ao sul da linha de frente, um incidente que ilustra a fragilidade da trégua.

Os militares ucranianos afirmaram que sofreram um ataque na cidade de Shirokin, 10 km a leste de Mariupol, última grande cidade controlada por Kiev no leste.

Neste contexto, o comandante das forças da Otan na Europa, Philip Breedlove, alertou para a "militarização" da Crimeia, península ucraniana anexada pela Rússia há um ano.

E o ministro das Relações Exteriores da Polônia , Grzegorz Schetyna, lamentou que a Suíça vai vender sofisticadas redes de camuflagem à Rússia, em meio ao conflito na Ucrânia, numa altura em que os países ocidentais impuseram sanções a Moscou.

Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Garcia-Margallo, disse, também nesta terça-feira, que o seu país está sofrendo economicamente por causa das sanções adotadas pela UE contra a Rússia, que "não beneficia ninguém."

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