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Democratas e republicanos se unem para aprovar maconha medicinal nos EUA

"Profissionais muito bem preparados em nosso país, como médicos e cientistas, não podem receitar nem recomendar esta droga, que poderia aliviar a dor e o sofrimento de seus pacientes", disse o senador democrata Cory Booker

Agência France-Presse
postado em 10/03/2015 18:28
Washington - Senadores dos Estados Unidos apresentaram, nesta terça-feira, a legislação mais abrangente sobre o uso medicinal da maconha, que nunca chegou nessas condições ao Congresso. O esforço entre os partidos Democrata e Republicano tenta acabar com as restrições federais sobre um consumo cada vez mais aceito.

Dos 50 estados da federação, 23 legalizaram a cannabis, planta de onde é extraída a maconha, para tratar pessoas com câncer, esclerose múltipla e epilepsia, mas a lei federal continua a investigar criminalmente, inclusive com prisões, quem é encontrado com porte de drogas.

"Profissionais muito bem preparados em nosso país, como médicos e cientistas, não podem receitar nem recomendar esta droga, que poderia aliviar a dor e o sofrimento de seus pacientes", disse o senador democrata Cory Booker diante de jornalistas.

"Hoje, nos unimos para dar um basta", acrescentou. "O governo federal tem excedido em larga medida os limites do senso comum, a prudência na fiscalização e a compaixão com suas leis contra a maconha".

Legalização beneficia veteranos de guerra

A Lei de Acesso Compassivo, Expansão de Investigações e Respeito aos Estados (CARERS, em inglês) eliminaria as sanções e restrições federais de produzir, distribuir e possuir maconha por razões médicas, sempre em conformidade com a lei.

A Lei CARERS também daria acesso à maconha medicinal aos veteranos de guerra, nos estados onde é legalizada. Além disso, o que é crucial, permitiria a instituições financeiras a oportunidade de prover serviços bancários a empresários interessados na produção e distribuição da maconha.

Se aprovada, a lei também alteraria a classificação da cannabis na lista de substâncias controladas, passando de "categoria 1" a "categoria 2". Esta mudança de nomenclatura eliminaria as atuais barreiras contra a pesquisa e permitiria o reconhecimento da maconha como droga cujo uso médico é aceito.

O senador Rand Paul, provável candidato republicano à presidência em 2016, defendeu o texto: "Dezenas de milhares de pessoas em nosso país, com doenças incuráveis, gostariam de passar por um tratamento paliativo".

A senadora democrata Kirsten Gillibrand disse que esta lei "é claramente um caso que a ideologia obstrui o caminho rumo ao progresso científico".

Na lei atual, quem viaja a outros estados onde a maconha medicinal é legalizada, pode ser preso, se voltar para seu estado de origem de posse da droga.



"Quando uma criança não tem 100 ataques de epilepsia por dia, seu cérebro cresce e vive melhores momentos em família e com amigos, podendo se desenvolver emocionalmente", lembrou Gillibrand. O grupo Norte-americanos pelo Acesso Seguro, favorável à legalização da maconha, avaliou que o projeto de lei é "revolucionário".

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