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Moscou questiona novas sanções dos EUA a separatistas ucranianos

"Não vemos nenhuma lógica que explique uma decisão desse tipo, levando-se em conta que Washington diz querer voltar a uma situação normal", acrescentou o vice-ministro russo das Relações Exteriores

Agência France-Presse
postado em 11/03/2015 17:33
Moscou - O governo russo condenou as novas sanções anunciadas pelos Estados Unidos nesta quarta-feira, afirmando que é "difícil entender" o motivo pelo qual Washington tomou essa decisão.

"É difícil entender o que guia a vontade do Departamento do Tesouro e das autoridades americanas ao ampliar as sanções", declarou o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Riabkov, segundo a agência de notícias Interfax.

"Não vemos nenhuma lógica que explique uma decisão desse tipo, levando-se em conta que Washington diz querer voltar a uma situação normal", acrescentou Riabkov.


Hoje, o Departamento americano do Tesouro anunciou novas sanções contra os separatistas pró-russos do leste da Ucrânia, contra um banco russo e contra ex-ministros do governo do ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovytch.

Pelo menos oito autoridades de alto perfil da região separatista de Donetsk e do Russian National Commercial Bank, ativo na Crimeia desde sua anexação por parte da Rússia, foram incluídas na lista negra dos Estados Unidos, informou o Tesouro, em um comunicado.

Outros três ex-funcionários de Yanukovytch, entre eles o ex-primeiro-ministro Mykola Azarov, foram incluídos na lista de sancionados, levando ao congelamento de seus potenciais ativos nos Estados Unidos e à proibição de os americanos fazerem negócios com eles.

"Desde o início da crise, mostramos que fazemos aqueles que violam a soberania e a integridade territorial da Ucrânia pagarem" por suas ações, declarou o secretário-adjunto do Tesouro americano encarregado da luta contra o terrorismo, Adam Szubin, citado no texto.

As novas sanções ocorrem após semanas de críticas da Casa Branca a Moscou. Os americanos acusam os russos de enviarem tropas e armas para a fronteira com a Ucrânia para apoiar os rebeldes.

Nesta quarta, os Estados Unidos também anunciaram que vão enviar "drones" de observação Raven, veículos militares e equipamento militar de defesa não letal a Kiev, nas próximas semanas - disse um funcionário de alto escalão sob condição de anonimato.

Essa nova entrega de material militar à Ucrânia foi discutida hoje por telefone entre o vice-presidente americano, Joe Biden, e o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, acrescentou a mesma fonte.

Na terça-feira, Washington acusou a Rússia de impor um "reinado do terror" na Crimeia e no leste da Ucrânia, apesar do anúncio feito por Poroshenko sobre a retirada de grande parte das armas pesadas ao longo da linha de frente do combate.

"Mesmo a Ucrânia construindo uma nação pacífica, democrática e independente em 93% de seu território, a Crimeia e o leste da Ucrânia estão sob o controle de um reino de terror", criticou a secretária de Estado adjunta para a Europa, Victoria Nuland, diante de uma comissão do Senado.

Ela também denunciou no leste um "conflito fabricado, controlado pelo Kremlin, alimentado por tanques e armas pesadas russas, financiado pelos contribuintes russos".

"Isso custou a vida de mais de 6.000 ucranianos, mas também de centenas de jovens russos enviados pelo Kremlin para lutar e morrer, em uma guerra que o seu governo nega", ressaltou Nuland.

Na semana passada, Victoria já havia dito que milhares de soldados russos estão na Ucrânia para apoiar os rebeldes pró-Moscou.

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