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Dois policiais são feridos por tiros em protesto na cidade de Ferguson

Em agosto de 2014, um policial da cidade matou um adolescente negro, Michael Brown, que foi atingido por tiros apesar de estar desarmado

Agência France-Presse
postado em 12/03/2015 07:28
Washington - Dois policiais foram feridos por tiros nesta quinta-feira na cidade americana de Ferguson (Missouri), durante um protesto pelo tratamento que os negros recebem da força de segurança, formada em sua maioria por agentes brancos.Segundo a polícia, os policiais sofreram uma "emboscada".

"Tratou-se realmente de uma emboscada. É muito difícil estar prevenido quando enfrentamos manifestações", declarou Jon Belmar, chefe do comitê da polícia em coletiva de imprensa.

Um ou dois atiradores estão sendo procurados nesta quinta-feira. Encontrar o responsável ou os responsáveis "é a nossa prioridade", acrescentou Belmar.



Nesta manhã, uma equipe da SWAT foi vista durante uma operação em uma casa vizinha a um posto policial e, de acordo com vizinhos citados pela imprensa local, dois homens e uma mulher foram interrogados.

Um dos oficiais foi atingido por um tiro no rosto e o outro no ombro quando a polícia tentava dispersar um protesto diante de uma delegacia da cidade, informou Jon Belmar.

Belmar afirmou que os policiais, de 32 e 41 anos, estavam conscientes, mas em estado grave.Ele declarou ainda que "felizmente, não estamos lamentando a morte de dois oficiais na noite passada".

Pelo menos 60 pessoas caminharam até a delegacia e alguns manifestantes bloquearam as ruas e avenidas, o que provocou o envio dos agentes.

Ferguson se tornou nos últimos meses o epicentro dos protestos contra o tratamento que os jovens negros recebem nos Estados Unidos por parte da polícia, majoritariamente branca.

Na quarta-feira, o chefe de polícia de Ferguson, Thomas Jackson, renunciou ao cargo depois que o Departamento de Justiça publicou um relatório severo sobre a morte, em 9 de agosto, de Michael Brown, um adolescente negro que estava desarmado e que foi atingido por tiros de um policial branco, Darren Wilson.

A morte de Brown provocou protestos e um debate nacional sobre a persistência de condutas racistas na polícia dos Estados Unidos.Wilson não foi indiciado pela morte.

Belmar disse que o protesto já estava praticamente dispersado quando foram disparados pelo menos três tiros. "Os agentes estavam no local e foram atingidos só porque eram policiais", disse Belmar.

Uma testemunha, Markus Roehrer, afirmou ao canal CNN que o som dos tiros veio de uma certa distância atrás do pequeno grupo de manifestantes. "Mas atribuir isto aos manifestantes seria totalmente injusto", disse Roehrer.

O Departamento de Justiça informou que não possui provas suficientes para abrir um processo contra Wilson por violações dos direitos civis federais, mas criticou a prefeitura, o departamento de polícia e a corte municipal por uma atuação com base em preconceitos raciais contra a maioria afro-americana.

A família de Michael Brown pretende apresentar uma ação contra Ferguson e Wilson. Outros funcionários do governo de Ferguson pediram demissão, incluindo o juiz da corte municipal, dois comandantes de polícia veteranos ; entre eles o supervisor de Wilson ; e na quarta-feira o chefe de polícia da cidade.

O prefeito de Ferguson, James Knowles, prometeu um plano de reformas para esta localidade de 21.000 habitantes, onde dois em cada três residentes são afro-americanos.

Em um país no qual o espectro do racismo continua vivo, o presidente Barack Obama, primeiro presidente negro dos Estados Unidos, admitiu na semana passada que o problema supera os limites de Ferguson.


Violência inaceitável

Enquanto isso, os pais de Michael Brown condenaram os disparos contra os policiais e denunciaram a ação de "agitadores isolados que estão tentando perverter um movimento pacífico e não violento".

Quem disparou os tiros "não estava com a gente", disse um dos organizadores da manifestação, DeRay McKesson, em seu Twitter, acrescentando que "há aqueles que querem deixar o nosso movimento em descrédito".

Por sua parte, o presidente Barack Obama disse que "a violência contra a polícia é inaceitável", de acordo com uma mensagem da Casa Branca no Twitter.

"O caminho da justiça é um só, e por ele devemos marchar juntos", acrescentou.Já o procurador-geral Eric Holder condenou um "ataque hediondo", também chamado de "imperdoável e repugnante".

"Condenamos nos termos mais fortes a violência contra aqueles que protegem a comunidade", disse ele em um comunicado de imprensa, também citando a recente morte de policiais em Filadélfia (leste) e Louisiana (sul).

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