Agência France-Presse
postado em 12/03/2015 22:08
Camponeses bolivianos tomaram as ruas e praças de La Paz, nesta quinta-feira, para mascar folha de coca em comemorar o "Dia do Mascado". A manifestação ocorre num momento em que o país andino promove a descriminação da exportação da folha para fins medicinais.Pelo quarto ano consecutivo, a celebração acontece no dia 12 de março. A data é significativa e remonta ao ano de 2012, quando o presidente Evo Morales defendeu, perante a Assembleia das Nações Unidas, as propriedades da planta milenar e cobrou a legalização mundial. Morales é de origem camponesa e, até ser eleito presidente, liderava os plantadores de coca.
[SAIBAMAIS]"Queremos demonstrar que a coca não é uma droga, mas um remédio, alimento", afirmou à AFP Jaime Mamani, dirigente dos cocaleiros na região de Caranavi, a nordeste de La Paz, entre a Amazônia e os vales abaixo da Cordilheira dos Andes, uma zona onde a planta é semeada.
A Convenção da ONU considera ilegal a comercialização internacional da coca, que serve de matéria-prima para a produção de cocaína. Ainda assim, foi reconhecido ao povo boliviano o direito ao mascado.
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Na sede de um sindicato "cocalero" de La Paz, o chanceler David Choquehuanca destacou o trabalho diplomático boliviano para que a coca seja reconhecida mundialmente.
"Temos conseguido apoio das Nações Unidas e, por isso, o mascado foi descriminado. Mas precisamos dar outros passos neste sentido", assegurou o chefe da diplomacia boliviana.
Em outras cidades da Bolívia, como Santa Cruz de la Sierra (leste de La Paz), Sucre (sudeste) e Tarija (sul) foram realizadas passeatas similares, informou o governo.
Segundo relatórios das Nações Unidas, a Bolívia é o terceiro produtor mundial de folha de coca, com 23 mil hectares cultivados. À frente, estão Peru e Colômbia.
Uma lei, datada de meados da década de 1980, reconhece a legalidade de apenas 12 mil hectares, para usos tradicionais, como mascado, infusão e rituais religiosos. Mas um estudo do governo boliviano, financiado pela União Europeia, indica que a Bolívia necessitaria de 14.700 hectares para atender à demanda interna.
Desde meados da década de 1980, a Bolívia aplica políticas de redução no consumo, que são consideradas ineficientes.