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ONU denuncia custo humano da guerra na Síria e pede fim de ataques a civis

Ban Ki-moon diz que o Conselho de Segurança das Nações Unidas deve "tomar medidas decisivas par acabar com a guerra civil" no país

Agência France-Presse
postado em 13/03/2015 10:16
Genebra, Suíça - As Nações Unidas denunciaram nesta sexta-feira (13/3) o inaceitável custo humano da guerra na Síria, na qual morreram mais de 200.000 personas, e pediram que os dirigentes mundiais superem suas diferenças para pôr fim ao sofrimento dos civis.

"A horrorosa crise na Síria entra em seu quinto ano. Uma crise que continua tendo um custo humano inaceitável. Uma crise que a comunidade internacional fracassou em impedir", afirmaram em uma declaração comum oito altos dirigentes da ONU.

Entre os signatários do texto, figuram a chefe das operações humanitárias da ONU, Valerie Amos, a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) e o diretor da Unicef.

"Precisamos que os dirigentes mundiais deixem de lado suas diferenças e exerçam sua influência para proporcionar mudanças significativas na Síria", afirma a carta, que insiste que os ataques contra civis e o sítio a várias cidades devem cessar para que a ajuda humanitária possa ser entregue.

[SAIBAMAIS]O apelo desses oito dirigentes se soma ao feito na véspera pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que insistiu que o Conselho de Segurança deve "tomar medidas decisivas par acabar com a guerra civil na Síria". "O povo sírio se sente cada vez mais abandonado pelo mundo quando se inicia o quinto ano da guerra que destruiu seu país", disse Ban.

Segundo afirmaram várias organizações não governamentais em um relatório publicado na quinta-feira, a comunidade internacional é, em parte, responsável pelo ano mais sombrio que já viveram os civis atingidos pelo conflito na Síria, por não conseguir administrar o crescente desastre humanitário.

O relatório, com o título "Derrota culpada na Síria" e assinado por 21 organizações de defesa dos direitos humanos, critica a incapacidade dos Estados para aplicar uma série de resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas visando proteger os civis afetados pela guerra deflagrada há mais de quatro anos.

A ONU aprovou três resoluções em 2014 para que as partes em conflito protegessem os civis, com o objetivo de garantir que milhões de pessoas tivessem acesso à ajuda humanitária. "As resoluções e esperanças que elas traziam se converteram em algo sem sentido para os civis sírios. Foram ignoradas ou menosprezadas pelas partes beligerantes, por países membros da ONU e, inclusive, por membros do Conselho de Segurança". "Nós traímos os nossos ideais, porque continuaremos a assistir pessoas sofrer em 2015", afirmou Jan Egeland, secretário-geral do Conselho norueguês para os refugiados e que contribuiu para o relatório.

Em 2014 o conflito sírio deixou ao menos 76 mil mortos, do total de 210 mil óbitos desde 15 de março de 2011. O relatório acusa as forças sírias e os rebeldes de atacar infraestruturas civis, incluindo escolas e hospitais, e de impedir a chegada da ajuda humanitária.

Além disso, denuncia a sistemática prática de estupro como arma de guerra pelo regime, e o sequestro de mulheres e crianças pelos rebeldes pra troca de prisioneiros.

Também segundo um relatório da Unicef, 14 milhões de crianças sofrem com o conflito sírio e 2,6 milhões não são escolarizadas.

O relatório, assinado por organizações como Oxfam, Comitê Internacional de Resgate e Save the Children, afirma que 7,8 milhões de sírios vivem atualmente em zonas catalogadas pela ONU como "de difícil acesso" para a entrega de assistência, mais que o dobre em relação a 2013.


O documento destaca ainda que em 2014 apenas 57% dos fundos necessários para a entrega de material humanitário foram recebidos, contra 71% em 2013.

A crise na Síria começou em 15 de março com manifestações pacíficas que foram violentamente reprimidas, provocando uma guerra civil que fez mais de 210.000 mortos, incluindo 76.000 apenas em 2014, o ano mais sangrento do conflito, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

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