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Netanyahu tenta convencer o centro a dois dias das eleições

A oposição dirigida pela União Sionista do trabalhista Isaac Herzog aparece com quatro cadeiras de vantagem sobre o Likud, o partido de Netanyahu

Agência France-Presse
postado em 15/03/2015 20:44
Tel Aviv, Israel - Pressionado a dois dias das eleições legislativas, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, travou neste domingo uma ofensiva midiática para seduzir o centro com um comício dos partidos de direita.

Cerca de 15 mil partidários do Likud, o partido de Netanyahu, e de seus aliados, pouco acostumados com a mobilização nas ruas, reuniram-se agora à noite na praça Rabi, em Tel Aviv.

Há uma semana, essa mesma praça reuniu mais de 25 mil pessoas em um protesto contra Netanyahu. "Somos a maioria e temos de mostrar isso", disse Sacha Tebul, de 25 anos. "Não são apenas os minoritários da esquerda que sabem se manifestar", completou.

David Shulman, que também compareceu, disse que estava participando da manifestação, a primeira de sua vida, "pelo medo". Netanyahu tomou a palavra para alertar que existe o "risco verdadeiro de que a esquerda tome o poder", embora, completou, "saibamos que as pessoas querem que eu continue dirigindo o país".

Em seguida, o premiê passou a palavra para seus aliados, entre eles o nacionalista religioso Naftali Bennett e o ultradireitista Elie Yishai. Segundo as últimas pesquisas autorizadas, as eleições se anunciam acirradas e devem ser decididas pelo centro do espectro político.

A oposição dirigida pela União Sionista do trabalhista Isaac Herzog aparece com quatro cadeiras de vantagem sobre o Likud, o partido de Netanyahu. Essa vantagem não é suficiente, porém, para garantir a Herzog a maioria parlamentar que lhe daria o poder. Assim, tudo dependerá das alianças.

Moshe Kahlon - um dissidente do Likud que fundou seu partido de centro-direita Kulanu, com uma retórica dedicada, sobretudo, às questões sociais - começa a se apresentar como aquele que pode ter a chave para formar um novo governo.

"Não poderei constituir um governo sem ele", admitiu Netanyahu, em declaração à rádio militar."Seja qual for o número de deputados do partido dele, [Kahlon] obterá o cargo de ministro das Finanças", acrescentou o premiê.

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Já Isaac Herzog disse ver em Kahlon "um sócio importante, se eu formar o próximo governo". Na pesquisa do Channel 10, o Likud conquistaria 20 cadeiras, e a União Sionista, 24. Na sondagem do Channel 2, Netanyahu conquistaria 22 cadeiras, e o trabalhista, 26, do total de 120 do Parlamento unicameral israelense.

Os resultados confirmam as pesquisas anteriores, que já apontavam a vantagem da União Sionista. As últimas sondagens também apontam que a lista árabe unificada, que reúne quatro partidos árabes israelenses, conquistará 13 cadeiras e será a terceira força do país.

O partido de centro-direita Yesh Atid aparece com 12 assentos, empatado com o partido nacionalista Lar Judeu na pesquisa do Channel 10, e com uma cadeira a mais, de acordo com o Channel 2.

Apesar da queda do Likud, Netanyahu, que tenta conquistar seu terceiro mandato consecutivo, está em melhor posição do que Herzog para formar uma coalizão de governo.

No sistema israelense, o líder do partido mais votado não é necessariamente convocado a formar o governo, e sim o candidato com mais capacidade de constituir uma coalizão com os demais partidos representados no Parlamento.

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