Bruxelas - Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia aprovaram nesta segunda-feira (16/3) uma eventual missão de segurança na Líbia caso as facções neste país formem um governo de união nacional. "Quando houver um acordo sobre um governo de união nacional e sobre os detalhes de segurança, a UE estará disposta a aumentar seu apoio à Líbia", indicaram os ministros reunidos em Bruxelas.
De acordo com a declaração final, a UE poderia enviar uma missão militar ou civil "em estreita coordenação com a ONU, a Líbia, os principais parceiros e atores regionais". Os ministros pediram à chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, que "apresente propostas, assim que possível".
Antes da reunião desta segunda-feira, fontes diplomáticas indicaram que a UE poderia enviar uma missão para "garantir a segurança dos edifícios públicos, do aeroporto e porto" do país, em caso de acordo político na Líbia.
"As tarefas são óbvias, poderia ser a garantia da segurança das infra-estruturas essenciais, que são necessárias para a sobrevivência econômica da Líbia", indicou o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeir, numa conferência de imprensa. "Também poderia haver algum tipo de vigilância marítima", acrescentou.
"A UE não pode aceitar a trágica perda de vidas humanas no mar de migrantes que deixam a Líbia", indicaram os ministros na declaração. "O movimento irregular de pessoas no interior da Líbia e além de suas fronteiras tem um efeito dramático sobre a vida de muitas pessoas, desestabiliza as duas margens do Mediterrâneo", acrescentaram.
Para conter esse importante fluxo, a UE quer controlar melhor a costa marítima da Líbia, mas precisa do apoio do governo da Líbia por se tratar de uma intervenção em suas águas territoriais.
Em uma coletiva de imprensa, Mogherini disse que informaria sobre as suas propostas os chefes de Estado e de Governo da UE, com os quais se reunirá nas próximas quinta e sexta-feira em Bruxelas.
"A condição é ter um governo de unidade nacional, que possa ser interlocutor" junto das organizações internacionais, declarou o ministro espanhol, José Manuel Garcia Margallo, ressaltando que "estamos correndo contra o tempo para chegar a uma solução para a política".
Sem acordo, a UE deveria, de acordo com Margallo, pressionar as partes na Líbia para "sentar-se à mesa de diálogo", por meio de sanções, como o "congelamento de ativos do Banco Central da Líbia e da companhia nacional de energia, e um embargo judicial" às exportações de petróleo da Líbia, que caíram para 300 mil barris por dia, precisou.
A Líbia está em crise desde a queda de Muammar Khaddafi em 2011 e as autoridades não conseguem controlar as dezenas de milícias formadas por ex-rebeldes que impõem sua lei.
Os países ocidentais insistem em uma solução política, apostando em contatos entre as partes líbias sob a mediação do diplomata espanhol Bernardino León, representante especial do secretário-geral da ONU para a Líbia.