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Ditador boliviano, já condenado a 30 anos, é julgado à distância na Itália

Aos 86 anos, García Meza está detido em um hospital militar de La Paz e será julgado em Roma, junto com 32 ex-militares e civis bolivianos, chilenos, peruanos e uruguaios.

Roma - A Justiça italiana decidiu processar o ex-ditador boliviano Luis García Meza (1980-1981), mesmo que ele não possa estar presente. García Meza foi responsável pelas mortes de 43 opositores de origem italiana, durante a execução da Operação Condor, informaram fontes judiciais nesta terça-feira (17).

Aos 86 anos, García Meza está detido em um hospital militar de La Paz e será julgado em Roma, junto com 32 ex-militares e civis bolivianos, chilenos, peruanos e uruguaios.


No dia 12 de fevereiro, a Justiça local deu início à primeira audiência sobre o processo contra a Operação Condor na Europa. A Operação foi um instrumento usado para coordenar a repressão entre as ditaduras no Cone Sul.

A notificação judicial contra García Meza foi entregue com a colaboração do governo boliviano, apesar de o ex-general ter se negado a recebê-la pessoalmente em seu quarto de hospital. Desde 1995, ele cumpre pena de 30 anos no hospital, por crimes de lesa humanidade.

A próxima audiência do processo em primeira instância foi marcada para nove de abril.A maioria dos acusados serão julgados à distância, exceção ao uruguaio Néstor Tróccoli, capitão de navio e detentor de passaporte italiano. Trócolli esteve presente à audiência na sala de máxima segurança dentro da prisão Rebibbia, em Roma.

Entre os acusados, figuram o ex-ministro boliviano do Interior Luis Arce Gómez, o ex-primeiro-ministro peruano Pedro Richter Prada, o ex-presidente peruano Francisco Morales Bermúdez e o ex-chefe dos serviços secretos chilenos Juan Manuel Contreras.

Entre as 43 vítimas, havia 20 uruguaios, 13 ítalo-uruguaios, seis ítalo-argentinos e quatro ítalo-chilenos.Representantes das vítimas e de associações de direitos humanos, bem como emissários da República do Uruguai, foram convocados para atuar como testemunhas no processo.

As investigações sobre a temida estratégia aplicada pelos regimes militares no Cone Sul, nas décadas de 1970 e 1980, foram iniciadas há mais de quinze anos, por ocasião das denúncias apresentadas por familiares de italianos assassinados ou desaparecidos.