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Ajuda chega ao arquipélago de Vanatu, mas ilhas remotas continuam isoladas

Mais de 3.300 pessoas estão refugiadas em 48 abrigos na ilha de Efate. Anatom, Aniwa e Futuna, também no sul do arquipélago, foram menos afetadas pelo ciclone

Agência France-Presse
postado em 18/03/2015 11:56
TANNA, Vanuatu - Os habitantes de Vanuatu, arquipélago devastado pelo ciclone Pam, aguardavam nesta quarta-feira (18/3) a chegada de mais ajuda humanitária, enquanto as ilhas mais afastadas do arquipélago do Pacífico Sul continuam isoladas do mundo, cinco dias depois da passagem da violenta tempestade.

As associações de ajuda internacional enfrentam um quebra-cabeças logístico para atender os 270.000 habitantes deste arquipélago de 80 ilhas, um dos países mais pobres do planeta.

O primeiro-ministro Joe Natuman informou que será necessária pelo menos uma semana para esclarecer a situação, já que a magnitude dos danos e das necessidades continua sendo em grande parte desconhecida.

O Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA, na sigla em inglês) revisou o balanço de mortos, que caiu de 24 para 11, vitimados pelo ciclone que provocou rajadas de vento de 320 km/h.

Port Vila, a capital, na ilha de Efate, foi uma das principais áreas afetadas, assim como as ilhas meridionais de Tanna e Erromango. "Em Tanna e Lenakel, a capital da província, 70% das casas foram danificadas", disse à AFP Tom Perry, da associação CARE. Na costa nordeste de Tanna, a localidade de Waesisi ficou totalmente inundada. "Não resta um edifício de pé", afirmou Perry.

Segundo um fotógrafo da AFP em Tanna, coqueiros foram arrancados do chão, os poços foram sepultados por deslizamentos de terra e as equipes médicas trabalham em meio aos destroços. As equipes de emergência chegaram a Tanna, onde vivem 30.000 pessoas, na terça-feira.

Mais de 3.300 pessoas estão refugiadas em 48 abrigos na ilha de Efate, segundo a ONU. Já as ilhas de Anatom, Aniwa e Futuna, também no sul do arquipélago, foram menos severamente afetadas, segundo a ONU.

A assistência prestada por ONGs como a Oxfam e o Exército australiano, inclui medicamentos, água, lonas e produtos de limpeza. Mas muitas ilhas permaneceram fora do alcance das equipes de resgate. "As pessoas pintaram a letra ;H; na terra para significar que eles precisavam de ajuda (Help em inglês)", indicou Colin Collett van Rooyen, da Oxfam.

Apesar da revisão do número de mortos, as ONGs temem a falta de alimentos e a propagação de doenças, em consequência da contaminação da água e da destruição das instalações de saúde. "O inhame apodrece na lama. Não há mais bananas, ou frutas, nada. O Pam levou tudo", lamentou Philemon Mansale, chefe de uma grande família de Mele, perto de Port Vila.

Em Port Vila, a distribuição de água potável e de eletricidade estava sendo restaurada. As lojas começaram a abrir as portas e os habitantes a reconstruir suas casas.



O arquipélago muito popular entre os turistas por suas praias de areia branca e águas azul-turquesa está acostumado com tempestades. Mas os mais velhos dizem que nunca viram um tal desastre, considerando que a tempestade foi pior do que o terrível ciclone Uma 1987.

O presidente Baldwin Lonsdale estimou que as mudanças climáticas agravaram a catástrofe. "Nós estamos vendo a ascensão do nível do mar, a mudança nos padrões climáticos", concluiu.

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