Agência France-Presse
postado em 18/03/2015 18:36
Frankfurt am Main - Entre 15.000 e 20.000 pessoas protestaram nesta quarta-feira em Frankfurt contra a política do Banco Central Europeu (BCE), que inaugurou a nova sede, em manifestações que terminaram com centenas de detidos e 35 pessoas feridos.
O coletivo Blockupy, organizador da manifestação da tarde, afirmou participaram do ato 20.000 pessoas, enquanto a estimativa da polícia foi de 15.000 participantes.
Anteriormente, também nesta quarta-feira, trinta e cinco pessoas - 14 policiais e 21 manifestantes - ficaram feridas nos distúrbios, segundo a polícia e o grupo que convocou a mobilização. Dezenas foram vítimas de reações alérgicas provocadas pelas bombas de gás lacrimogêneo.
Muitos carros foram incendiados, em meio a barricadas criadas na cidade, a capital financeira da Alemanha. No início da tarde a polícia anunciou que 16 pessoas estavam detidas.
No interior da nova sede, dezenas de pessoas foram convidadas a assistir a uma cerimônia simples para inaugurar o imóvel de 1,3 bilhão de euros, que de fato já é ocupado pelo BCE desde o ano passado.
O presidente da instituição, Mario Draghi, reconheceu que o BCE se tornou o "centro das críticas daqueles que estão frustrados com a situação na Europa", mas considerou as críticas "injustas".
Um grande esquema de segurança foi montado ao redor do prédio, o que não impediu a presença dos manifestantes, convocados pelo coletivo anticapitalista Blockupy. De acordo com Draghi, a ação do BCE tem justamente o objetivo de "aliviar" a situação.
Isso não impediu que os manifestantes, convocados pelo coletivo anti-capitalista, se dirigissem desde o amanhecer ao BCE para expressar sua oposição às políticas de austeridade na Europa e particularmente na Grécia.
Alguns edifícios administrativos foram alvo de ataques com pedras, carros policiais foram incendiados, e helicópteros sobrevoaram o local pela manhã.
"Convocamos manifestações pacíficas, e é óbvio que alguns manifestantes que não fazem parte do Blockupy se somaram ao movimento", declarou Hermann Schauss, deputado regional de Hesse, região perto de Frankfurt, membro do partido de esquerda radical Die Linke."O que importa é que o povo se reúna para protestar" acrescentou.
Entre os que discursaram esteve Miguel Urbán, do partido espanhol Podemos, além de políticos de outras formações europeias de esquerda. "Estamos aqui para protestar contra uma entidade profundamente anti-democrática (o BCE) que não tem nenhum tipo de controle, nem do parlamento nem da população, e que é um dos principais atores das políticas nefastas, sobretudo de cortes e de austeridade nos países do sul da Europa", afirmou Urbán ."Achamos que é necessário um Banco Central europeu, mas outro tipo de Banco Central europeu", ressaltou.
'Porcos nazistas'
Na grande avenida que conduz ao BCE, uma centena de manifestantes vestidos de preto gritavam em frente ao cordão policial: "1, 2, 3, lasst die Leute frei" ("1, 2, 3, liberdade para o povo"). Também oram escutados gritos de "porcos nazistas", como constatou um jornalista.
"Nós, do Blockupy, não havíamos previsto que o dia seria assim. Mas o cenário de guerra civil montado pela polícia foi interpretado por muitas pessoas como uma provocação", declarou à agência DPA Hendrik Wester, porta-voz do Blockupy.
A polícia de Frankfurt mobilizou milhares de agentes, com o apoio de helicóptero e jatos de água para dispersar os manifestantes violentos."Esta mobilização policial é uma das mais importantes organizadas na história da cidade", disse um porta-voz da força de segurança.