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Stuação da Grécia é "perigosa" e domina cúpula da União Europeia

O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, classificou a situação como perigosa e o presidente do Conselho Europeu

Agência France-Presse
postado em 19/03/2015 18:28
A Grécia se impôs nesta quinta-feira (19/3) como tema dominante na cúpula europeia, durante a qual o primeiro-ministro Alexis Tsipras se reunirá com os principais credores do país, em uma situação considerada perigosa.

No começo da cúpula dos 28 chefes de Estado, o primeiro-ministro grego afirmou que existe uma "contradição" entre o nível político em que se busca uma solução e o nível de representantes das instituições credoras de Atenas, "que levantam cartões vermelhos".

"Esta contradição deve se resolvida (...), nos impede de avançar", disse Tsipras segundo um comunicado do governo grego.

Por essa contradição o ministro grego pediu uma reunião à margem do evento com Angela Merkel e François Hollande, os dois principais credores de Atenas e as duas maiores potências econômicas do bloco.

Do encontro, organizado pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, participam o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, e o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem.

"Esta reunião informal não será decisiva", disse Tusk em uma coletiva de imprensa, ressaltando que "niguém quer uma Grexit", isto é, que a Grécia deixe a zona do euro. "Todos querem evitar um acidente", disse.

A chanceler alemã, Angela Merkel, se pronunciou no mesmo sentido nesta quinta-feira pela manhã. No parlamento alemão, ela deixou claro que "ninguém pode esperar uma solução essa noite", em referência ao encontro previsto com Tsipras.

"A UE precisa de iniciativas políticas audaciosas que respeitem a democracia e os tratados, para deixar a crise e avançar para o crescimento", disse Tsipras ao chegar na cúpula.

O presidente francês pediu que o governo grego respeite seus compromissos de implementar reformas.

"O tempo se esgota", disse o presidente do Eurogrupo ao chegar na cúpula, ressaltando que os progressos foram poucos desde o acordo, no fim de fevereiro, entre Atenas e seus parceiros da zona do euro.

"Há muito por fazer", acrescentou Dijsselbloem.

A Grécia se encontra em uma situação extrema. Precisa de liquidez para enfrentar, nas próximas semanas, alguns dos vencimentos da sua dívida e conta para isso com a última parcela dos 7 bilhões de euros do plano de resgate acordado desde 2010 por um valor total de 240 bilhões de euros.

"A Grécia precisa de 2 a 3 bilhões de euros nos próximos dias", estimam analistas da Berenberg.

Grécia em perigo

Segundo uma fonte diplomática "não há uma percepção de pânico, mas uma atenção regular e constante" da situação.

Esta "percepção", contudo, contrasta com a inquietude cada vez maior na Europa sobre o risco de uma saída da Grécia da zona do euro.

A situação da Grécia é "perigosa", disse nesta quinta-feira o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz.

O presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, que na última sexta-feira recebeu Tsipras em Bruxelas, disse que repetiria nesta quinta-feira o que já afirmou em duas ocasiões: "a Grécia implementará as reformas necessárias e cumprirá seus compromissos".

Em meio a esse cenário, o Parlamento grego adotou na quarta-feira por expressiva maioria o primeiro projeto de lei enviado pelo governo grego de esquerda cujo objetivo é de ajudar aos mais pobres, em resposta às promessas eleitorais realizadas na vitoriosa campanha eleitoral de janeiro.

Seu objetivo, entre outros, é socorrer as famílias privadas de eletricidade e que enfrentam problemas de moradia e de alimentação.

Esta lei provocou um novo mal estar entre Atenas e a Comissão Europeia, que fiscaliza, junto com o BCE e o Fundo Monetário Internacional, as contas e as reformas da Grécia.

Segundo informações da imprensa um representante da Comissão Europeia teria pedido ao governo grego que impedisse a tramitação da lei, classificando a adoção dessas medidas como "unilateral" e incompatível com o acordo de final de fevereiro.

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